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Se em muitos casos os topónimos (sobretudo países) estão, de forma pacífica, associados ao artigo o ou a, há outras situações em que a escolha se pode tornar problemática, sobretudo com nomes de localidades, nomeadamente cidades.
Isto é, de forma resumida,
aquilo de que fala o artigo “Género dos topónimos”, de Jorge Madeira Mendes (In
A Folha, Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias nº 39 – verão de
2012).
Destaco:
1. O
interessante caso de Madagáscar:
“O topónimo «Madagáscar», destituído, per se, de artigo definido, pode, consoante o contexto, ser remetido ao
masculino ou ao feminino nas construções que o exijam. Se, por exemplo,
pensarmos Madagáscar como ilha, a remissão será para o feminino («viajando pelo
mundo, visitei a gélida Gronelândia e a tórrida Madagáscar»); se,
porém, nos referirmos ao Estado que com essa ilha coincide, a remissão será,
mais logicamente, para o masculino («os mais variados países, desde o antiquíssimo
Japão ao jovem Madagáscar»).”
2. A
resolução do caso de hoje:
“Ora, existe um outro critério ─ o do uso consagrado pelos clássicos da
língua portuguesa, evocador de uma elegância ultimamente muito descurada. Segundo esse uso, os topónimos designativos de cidades, quando não regidos, em isolado,
por artigo definido, remetem-se sistematicamente para o feminino.
Assim: «a Lisboa
romana», «a Sines industrial», «a mineira Belo Horizonte», «a S. Paulo dos Bandeirantes», «a Paris
das Luzes», «a Moscovo da Revolução», «a colorida
S. Francisco», «a fria Bruxelas», «a Roterdão do pós-guerra», «a nórdica
Oslo», «a grande Buenos Aires», «a Joanesburgo
do ouro», «a antiga Lourenço Marques», «a Maputo
de hoje».
Neste particular, atenção ao
contágio pela norma francesa, que tende a seguir um sentido exatamente contrário,
ou seja, a remeter para o masculino os nomes de localidades não regidos, per se, de artigo definido («le Lisbonne de Pessoa», «le cher
Luanda», «le Paris de mes rêves», «le San
Francisco des hippies»).”
3. Finalmente,
uma regra geral que pode ser uma boa orientação:
“Falo, por último, de topónimos
portugueses que não são acompanhados de artigo pelas gentes locais mas em
relação a cujas designações está a verificar-se uma evolução duvidosa.
Consideremos (longe de exaustivamente) Marvão, Albufeira e Altura. Dizem os
respetivos habitantes: «a caminho de Marvão», «residir em Marvão»,
«viajar para Marvão», «vou a Albufeira», «concelho de Albufeira»,
«a praia de Altura», etc. No entanto, ouvem-se (e leem-se), com
frequência lamentavelmente crescente, expressões como «passar um fim de semana no Marvão»,
«a pousada do Marvão», «ter uma casa na Albufeira»,
«férias na Altura». Conspícuas desde tempos recentes em certos
setores sociais portugueses, tais expressões parecem sobretudo um fenómeno de
moda (eventualmente efémera) e, de qualquer modo, são de proveniência
alienígena, pelo que não devemos tomá-las como referência.
Em suma, tratando-se de associar (ou não) artigo
definido a um topónimo, deve prevalecer o uso local.”
Para acesso ao texto na íntegra, clique AQUI.
CONCLUSÃO:
Portugal (norma luso-afro-asiática) e Brasil (norma brasileira)
a Belo Horizonte
Notas: O uso de o e a junto aos topónonimos não é
totalmente coincidente entre Portugal e Brasil como se pode constatar no
artigo.
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Abraço.
AP
P.s.
Nova mensagem no http://acordo-ortografico.blogspot.pt:
As castas de uvas são com
ou sem hífen?
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