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outubro 23, 2015

"Cor-de-rosa" tem plural?

O mais recente membro da família é cor-de-rosa!

Encontrei um documento áudio (ouça AQUI) em que a professora Sandra Duarte Tavares (consultora do Ciberdúvidas que muito aprecio) diz que “cor-de-rosa não tem plural (…). O mesmo com cor de laranja”. Sendo verdade que no exemplo usado no documento isso é verdade (“Orquídeas cor-de-rosa”), a locução cor-de-rosa não é sempre invariável.
Se tem a função de adjetivo, não flexiona, mas se for nome (substantivo no Brasil), a primeira palavra do composto vai obrigatoriamente para o plural…

CONCLUSÃO: (igual para Portugal e Brasil):
Adjetivo
“Uma parede cor-de-rosa.”
***
“Duas paredes cor-de-rosa.”
Invariável
Não tem plural
Nome
(substantivo)
“Gosto desse cor-de-rosa.”
***
“Gosto desses cores-de-rosa.”
Flexiona
Tem plural
Nota: O mesmo se aplica a outros compostos que designam cores como cor de laranja, cor de tijolo, cor de açafrão, cor de café com leite, etc.

Abraço.

ProfAP

outubro 22, 2015

Qual a origem da palavra DITONGO?


Quando escrevemos ditongo, nem suspeitamos que há na origem uma grafia bem complicada e estranha para os nossos olhos:
            Vem do grego díphthoggos («que tem dois sons»), pelo latim diphthongu.

Até ao início do século XX vigorou a grafia diphthongo (a par de pharmacia, sciencia, filosofia, egypcio, Septembro, etc.). A ortografia então em vigor era difícil (muito semelhante à língua francesa atual: diphtongu, pharmacie, science, philosophie, égyptien, septembre) e um verdadeiro quebra-cabeças para os professores que a ensinavam aos seus alunos.
Veja-se, a título de exemplo, este extrato de uma obra de 1830:
O Trema, ou Dierese (..) são dois pontos, postos horizontalmente sobre a prepositiva das duas vogaes, que costumão fazer Diphthongo”.
Grammatica philosophica da lingua portugueza, de Jeronymo Soares Barboza.

Com o Formulário Ortográfico de 1911 (aplicado de forma permanente no Brasil apenas em 1931), deu-se um verdadeiro terramoto na ortografia da língua portuguesa, alterando-se cerca de 10% das palavras.
Com a queda da generalidade das consoantes mudas (exceto as letras c e p eliminadas recentemente com o AO90), nasce a grafia atual: ditongo.

Nota: A reforma ortográfica de 1911 não foi pacífica e teve oposição de vários intelectuais. Destaque-se a posição de Fernando Pessoa que se recusou a aplicar as alterações e escreveu na altura a conhecida frase “A minha pátria é a língua portuguesa” num texto anti-FO1911.

Abraço.
ProfAP
Palavra encontrada AQUI.

outubro 20, 2015

De onde vem a palavra ÁRVORE?


Uma dos termos mais comuns da língua portuguesa é a palavra ÁRVORE. Mas qual a sua origem?

RESPOSTA:
Árvore vem latim arbŏre (com o mesmo sentido que tem hoje).
Notas:
1.      Com a mesma origem, temos o elemento de formação de palavras arbori-, incorporado em diversas palavras: arborícola, arboricultor, arboricultura, arboricida, arboriforme, arborizar, arborizável…
2.      O “b” do étimo latino, embora ausente do português, está presente na generalidade das línguas românicas: arbre (francês e catalão), árbol (castelhano), árbore (galego), albero (italiano).

Abraço.

ProfAP

outubro 19, 2015

1º, 1.º ou 1.º?



O assunto de hoje deveria ser simples e com regras claras. Mas não é…

1. O que dizem as reformas ortográficas aplicadas à língua portuguesa e como usam nos respetivos textos as abreviaturas dos numerais ordinais?
a) Formulário Ortográfico de 1911 (aplicado 20 anos mais tarde no Brasil): Nada consta e não são usados ordinais abreviados.
b) Ortográfico de 1943 (aplicado apenas no Brasil): Nada consta e não há ponto nos ordinais usados no texto: 1º, 2º, 3º, etc.
c) Acordo Ortográfico de 1945 (Portugal): Nada consta e todos os ordinais têm ponto: 1.º, 2.º, 3.º, etc.
d) AO90: Nada consta e o texto (que deveria unificar a ortografia…) não usa de igual modo em Portugal e Brasil as abreviaturas dos numerais ordinais…
*Na versão publicada em PORTUGAL, temos uma salada mista: todos os numerais da introdução têm ponto (1.º, 2.º, 3.º, etc.), mas também os encontramos sem ponto, como 1º (BASE XX) e 3º (BASE XIV).
*Na versão o publicada no BRASIL, nenhum dos numerais tem ponto (1º, 2º, 3º, etc).

2. PORTUGAL
a) Para o Ciberdúvidas, para indicar que se trata de uma abreviatura, é obrigatório colocar ponto (.) na grafia dos numerais ordinais.
b) Já o FLIP considera que a opção pelo não uso de ponto não “pode ser considerada errada, uma vez que não há nada no Acordo Ortográfico (nem de 1945, nem de 1990) que se pronuncie sobre este facto. O texto legal do Acordo Ortográfico usa sistematicamente os numerais ordinais com ponto antes da letra que indica o género do numeral, o que pode tornar preferencial a opção 3.ª, em detrimento de 3ª, mas não torna esta segunda opção errada.

3. BRASIL
a) Na opinião do Ciberdúvidas, “utiliza-se, sempre, o ponto abreviativo – em Portugal, como no Brasil.”;
b) No mesmo sentido vai o sítio brasileiro http://www.paulohernandes.pro.br/dicas/001/dica160.html: “artigo 5.º, artigo 9.º, artigo 10, artigo 25, etc. Observe a abreviação dos números ordinais, cuja grafia exige o ponto abreviador, conforme a norma ortográfica brasileira.”;
c) No entanto, a generalidade dos documentos oficiais (do governo e das prefeituras) não usa o ponto, o que é legitimado pela Academia Brasileira de Letras, numa resposta dada em 2009:
Pergunta: Qual a abreviatura correta de primeiro: 1º ou 1.º? Sem ponto ou com ponto? Exemplo: "João foi o 1º colocado na disputa." ou "João foi o 1.º colocado na disputa". Obrigado, Gustavo Pacheco.
Resposta: É correta a sua primeira opção.

CONCLUSÕES:
PORTUGAL
Devemos colocar ponto (.) nos numerais ordinais.
Exemplos: 1.º dia, 2.ª pessoa; 10.º classificado; 3.ª feira; Art. 3.º; 2.º andar…
Atenção: A representação da abreviatura terá de ser obrigatoriamente número + ponto de abreviação + terminação «o» ou «a». O uso de sublinhado que alguns tipos de letra permitem (1.º) é uma opção de natureza gráfica que não dispensa o uso do ponto.
Fonte: Ciberdúvidas
BRASIL
Não devemos colocar ponto (.) nos numerais ordinais.
Exemplos: 1º dia, 2ª pessoa; 10º classificado; 3ª feira; Art. 3º; 2º andar…
Fonte: ABL

Sem abreviaturas, pontos ou divergências, deixo o meu abraço!
ProfAP
Imagens encontradas AQUI.

outubro 16, 2015

Lúcifer OU Lucifer?


Embora a palavra de hoje seja frequentemente utilizada como sinónimo de Satanás, parece não haver uma base bíblica para tal equivalência. 
Com origem no latim Lucĭfer, encontramos as grafias “Lucifer” e “Lúcifer”. Qual deles está certa? A resposta é surpreendente e divide Portugal e Brasil…

CONCLUSÃO:
PORTUGAL
BRASIL
Lúcifer… mas também Lucifer
Nota: A Infopédia considera preferencial a forma Lúcifer, enquanto o dicionário Priberam regista apenas Lúcifer. Na conclusão apresentada, segui o Portal da Língua Portuguesa (que regista as duas grafias: Lúcifer e Lucifer).
Apenas Lúcifer

Abraço!

ProfAP
Imagem encontrada AQUI.

outubro 09, 2015

QUILO ou KILO?


Tendo em conta palavras como kilowatt e kilo-hertz (importadas do inglês) e o símbolo kg, compreende-se que alguns falantes hesitem entre “quilo” e “kilo” no momento de se referirem à “unidade de medida de massa equivalente a mil gramas”.

RESPOSTA:
A grafia certa é QUILO (forma reduzida de quilograma).

ORIGEM: A palavra vem do grego khílioi («mil») pelo francês kilo «. O elemento de formação de palavras “kilo-” tem origem no mesmo étimo grego.
Nota: Enquanto a palavra quilo tem plural (1 quilo – 2 quilos), o símbolo kg é invariável: 1 kg, 2 kg, 100 kg…

Abraço.

ProfAP
Imagem encontrada AQUI.

outubro 08, 2015

VAI haver ou VÃO haver problemas?


Mais uma vez, o verbo HAVER. Nos últimos dias, ouvi várias vezes (a apresentadores de televisão e políticos) a construção “vão haver”. Ui… até arrepia!
Quando significa «acontecer, existir», o verbo haver é impessoal e deve ser conjugado apenas na terceira pessoa do singular.
No caso de hoje, o verbo auxiliar (ir) tem de ser colocado no singular, concordando assim com o verbo principal (haver).

RESPOSTA:
Vai haver problemas!

Abraço!

ProfAP
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outubro 04, 2015

Qual a origem da palavra CHUVA?


Esta manhã, parecia que o céu ia desabar a qualquer momento. Essa era a esperança do meu poço quase exaurido pela seca. Afinal, a chuva teima em não cair…
E de onde vem essa palavra que tanto mexe com o nosso imaginário?

RESPOSTA:      
A origem está no latim pluvia (“chuva”).
Obs.:
1. A diferença entre a grafia original e a atual está no facto de, na história da língua portuguesa, os grupos cl, fl e pl terem evoluído para ch: clave - chave; flamma - chama; plumbu e pluvia - chumbo e chuva.
2. O mesmo não aconteceu com o francês, que manteve uma ortografia muito mais colada ao latim (ao nível do acontecia com muitas palavras portuguesas antes da reforma ortográfica de 1911: pharmacia, sciencia, psalmo, martyrio, grammática, annuncio, etc.): clé, flamme, plomb, pluie.

Abraço para todos e que venha a chuva!

ProfAP
Imagem encontrada AQUI.

outubro 01, 2015

Sabe o que é uma SILABADA?


Quem nunca cometeu uma silabada que atire a primeira pedra! Mas que é uma silabada? Tecnicamente, é o particípio passado feminino substantivado do verbo silabar. A Infopédia define o termo como “erro na acentuação ou na pronúncia de uma palavra”. No entanto, tal definição é insuficiente. Como vimos num artigo anterior (AQUI), chamamos CACOÉPIA à pronúncia incorreta de uma palavra.
No entanto, se a CACOÉPIA define qualquer tipo de erro de pronúncia, só chamamos SILABADA a erros de pronúncia que resultam da deslocação do acento tónico.

CONCLUSÕES:
CACOÉPIA
Qualquer erro de pronúncia.
Por exemplo, dizer:
.brica” em vez de “rubrica”;
.leumia” em vez de “leucemia”;
.“acórdos” em de “acordos”.

SILABADA
Pronúncia incorreta resultante da deslocação da sílaba tónica.
Por exemplo, dizer:
.brica” em vez de “rubrica”;
.leumia” em vez de “leucemia”.
Todos os erros de pronúncia estão no âmbito da CACOÉPIA, mas nem todos são SILABADAS!

Sem cacoépia nem silabada, abraço para todos!
ProfAP
Imagem encontrada AQUI.