Quando escrevemos ditongo, nem suspeitamos que há na origem uma grafia bem complicada
e estranha para os nossos olhos:
Vem do grego díphthoggos («que tem dois sons»), pelo latim diphthongu.
Até ao início do século XX vigorou a grafia diphthongo (a par de pharmacia, sciencia, filosofia, egypcio, Septembro, etc.). A ortografia então em vigor era difícil (muito
semelhante à língua francesa atual: diphtongu, pharmacie, science,
philosophie,
égyptien,
septembre)
e um verdadeiro quebra-cabeças para os professores que a ensinavam aos seus
alunos.
Veja-se, a título de exemplo, este extrato de uma
obra de 1830:
“O Trema, ou Dierese (..) são dois pontos,
postos horizontalmente sobre a prepositiva das duas vogaes, que costumão fazer
Diphthongo”.
Grammatica philosophica da lingua portugueza, de Jeronymo Soares
Barboza.
Com o Formulário Ortográfico de 1911 (aplicado de
forma permanente no Brasil apenas em 1931), deu-se um verdadeiro terramoto na
ortografia da língua portuguesa, alterando-se cerca de 10% das palavras.
Com a queda da generalidade das consoantes mudas (exceto
as letras c e p eliminadas recentemente com o AO90), nasce a grafia atual: ditongo.
Nota: A reforma ortográfica de 1911 não foi pacífica e
teve oposição de vários intelectuais. Destaque-se a posição de Fernando Pessoa que
se recusou a aplicar as alterações e escreveu na altura a conhecida frase “A
minha pátria é a língua portuguesa” num texto anti-FO1911.
Abraço.
ProfAP
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