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agosto 31, 2013

.De onde vem a palavra FARMÁCIA?

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A história da palavra de hoje é um paradigma das voltas que a língua dá (tanto pela via da evolução como por intervenções diretas, sensatas nalguns casos, noutros, nem por isso).
1.   A palavra terá entrado na língua portuguesa pelo francês PHARMACIE (pelo latim tardio pharmacĭa-, do grego pharmakeía, «emprego de medicamentos»). Há quem defenda que o termo terá entrado pelo latim e não pelo francês.
2.   Até ao início do século XX, usava-se a grafia pharmacia. Com o Formulário Ortográfico de 1911, a palavra sofre um duplo “desfiguramento”: o ph é substituído por f e recebe um acento, pois, a partir desta data, todas as palavras proparoxítonas (esdrúxulas) passam a ser acentuadas. Como consequência da aplicação do FO de 1911, foram muitas as palavras alteradas (cerca de 10 vezes mais do que acontece com a aplicação do AO90). Houve grande resistência às mudanças, nomeadamente em relação ao desaparecimento do ph:
a)    O linguista Alexandre Fontes escreveu, um pouco antes da entrada em vigor de FO de 1911: «Imaginem a palavra `phase´ escrita assim fase, não parece uma palavra, parece um esqueleto»;
b)   Diz-se que Fernando Pessoa (uma das vozes mais inconformadas) fez questão em continuar a escrever com ph
Ontem com hoje, a língua une os falantes, mas também os divide de forma acentuada (e sempre apaixonada!) quando se introduzem mudanças.

Despeço-me com uma palavra que resistiu a todas as reformas (1911, 1971, 1973, 1943, 1945 e 1990): abraço!
António Pereira


Notas:
1.   Todas as palavras em que se usava ph (substituído, como vimos, por f em 1911) são de origem grega: farmácia (pharmakeía), filosofia (philosophía), fase (phásis), etc.
2.   O uso da palavra farmácia para designar “estabelecimento onde se preparam ou vendem medicamentos” situa-se em meados do século XIX.

agosto 30, 2013

.Como se pronuncia a letra G?

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A pronúncia da letra G é uma questão não consensual que tem feito correr muita tinta. Na escola primária aprendi a dizer “guê”, enquanto a minha mulher, noutra escola, aprendeu a pronúncia “gê”. Esta divergência aplica-se bem a Portugal: uns dizem “guê”, outros preferem “gê”. Quanto ao Brasil, parece que, à exceção do Nordeste, o habitual é pronunciar-se “gê”.
E surge a dúvida: há uma pronúncia correta ou ambas são legítimas?
Eis o que apurei:
1.   O Formulário de 1911 (bem como o de 1943, aplicado no Brasil) e o Acordo de 1945 não se referem à pronúncia da letra G.
2.   O grande Rebelo Gonçalves, no seu Vocabulário de 1967, registou: "gê”, mas também aceita a designação “guê”.
3.   Se há dicionários, como o Aulete e o Michaelis (ambos do Brasil), que apenas admitem a pronúncia “gê”, muitos outros validam “gê” e “guê”: Houaiss e Aurélio, do Brasil; Infopédia e Priberam (Portugal); Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa; VOLP da Academia Brasileira de Letras e VOP do Portal da Língua Portuguesa.
4.   Finalmente, também os consultores do Ciberdúvidas admitem as duas formas de pronunciar. É o caso de Regina Rocha, que acrescenta: “A sua primeira designação é a de guê, correspondente à pronúncia clássica latina”.
Perante o exposto, parece-me razoável concluir que:
É indiferente dizer «guê» ou «»...
Ambas as pronúncias estão corretas!
Nota: O texto do Novo Acordo Ortográfico também consagra as duas formas de pronunciar.
Abraço.
António Pereira


agosto 24, 2013

.De onde vem a palavra PRESUNTO?

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O delicioso presunto vem do latim presunctu-, derivado de sunctu-, reforçado pela preposição per-. Sunctus era o particípio passado do verbo siccare (“secar”).
José Pedro Machado (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa) refere que a ideia contida na palavra presunto é “inteiramente sugado, inteiramente enxuto, inteiramente dessecado ao lume, o que convém com o sentido”.
O sítio http://origemdapalavra.com.br dá uma achega para o sentido lato da palavra: “Desta forma, se vê que este nome se deve ao modo de preparação; ele não é relacionado com o tipo de carne usada. Muitos acreditam que, se não é com carne de porco, não é presunto. Na verdade, qualquer carne preparada com este método pode ser chamada de presunto.
Boas tapas para todos: de presunto, queijo e o mais que a imaginação ditar!
Abraço.
António


agosto 20, 2013

.De onde veio a palavra BATATA?

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A. História do alimento
A batata teve origem nas regiões montanhosas da América do Sul e pensa-se que já era cultivada pelos índios há cerca de 7000 anos.
Foram trazidas para a Europa pelos exploradores espanhóis no início do século XVI.
Terá sido levada para os Estados Unidos no início do século XVIII por imigrantes irlandeses que se estabeleceram na Nova Inglaterra. 
Tendo tido péssima reputação aquando da sua introdução na Europa (pensava-se que o seu consumo causava lepra!), a batata é hoje um dos alimentos mais populares em todo o mundo, sendo uma interessante fonte de vitamina C.
A Rússia, Polónia, Índia, China e Estados Unidos são os principais produtores mundiais.
Quando à irresistível batata frita, não há consenso sobre quem inventou o petisco. Destaco três hipóteses:
1ª O historiador belga Jo Gerard refere que em 1681 se faziam batatas fritas nos Países Baixos Espanhóis, hoje uma região da Bélgica.
2ª Na França, há registos de receitas de batatas fritas no livro Les Soupers de la Cour, de Menon, em 1758.
3ª Finalmente, há os que alegam ter o prato sido criado na Espanha, primeiro país a receber as batatas do Novo Mundo.

B. História da palavra
Embora a batata seja originária da América do Sul, a origem da palavra está no taino patata, («batata-doce»), língua falada nas Antilhas.

Abraço e bom apetite!
António

Fontes:



.caju ou cajú?


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O assunto de hoje tem a ver com uma dúvida enviada por um leitor do blogue. As regras da acentuação das palavras oxítonas (agudas) terminadas em u já aqui foram tratadas e, neste caso, o Novo Acordo nada alterou.

1. É frequente vermos as grafias “menú”, “perú”, “cangurú”, “cajú”, “nú”, “urubú”, etc. Estão corretas?
2. Consultando a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra (1984), podemos ler na primeira regra de acentuação: “Assinalam-se com acento agudo os vocábulos oxítonos que terminam em a aberto, e e o semi-abertos, e com acento circunflexo os que acabam em e e o semifechados, seguidos ou não de s: cajá, hás, jacaré, pés, seridó, sós, dendê, lês, trisavô; etc.
3. O caso das oxítonas terminadas em i e u é diferente, dado que, em geral, não são acentuadas. Passemos aos casos das palavras em que há acento.
a) Nas terminadas em i, seguido ou não de s: há acento quando o i é antecedido de u ou a com que não forma ditongo (cai, mas caí; pai, mas país; fui, mas Luís);
b) Nas terminadas em u, seguido ou não de s: só há acento quando o u é antecedido de a com que não forma ditongo (baú/s).
CONCLUSÃO: já era e continua a ser caju!
Dica:
São raros os casos em que há acento em palavras terminadas em u (para além de baú, só encontrei Anhagabaú, topónimo da região de S. Paulo, e Esaú, personagem bíblica).
Assim sendo, em caso de dúvida…            
                                          Não acentue o u final das palavras oxítonas, seguido ou não de s!
Abraço!
AP

agosto 18, 2013

.Qual a origem da palavra GUERRA?

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A palavra guerra, como outros termos bélicos, é de origem germânica. Vem do frâncio werra «peleja», “diacórdia”, “revolta”). “O frâncico era a língua dos Francos, antigo povo germânico que habitava uma região no oeste do Reno e governava grande parte da Europa Ocidental desde o século V.” (In http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_fr%C3%A2ncica)
José Pedro Machado (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa) defende que werra terá sido imposto pelos soldados germânicos do exército romano, acrescentando que “o  germanismo tornou-se comum em latim vulgar e passou a todos os idiomas romances que o conservaram, salvo o romeno que, posteriormente, o substituiu por rasboiu, eslavismo”.

Abraço.

António Pereira

agosto 17, 2013

.Qual a origem da palavra ASSASSINO?

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Esta é uma palavra cujas conotações mexem de forma instintiva com as nossas emoções mais profundas. A simples pronúncia dos sons sibilantes que a compõem deixa-nos em estado de alerta…
De onde vem o termo? Não há dúvida de que a origem está no árabe. Virá de hassasîhaxaxi ou hashishiyyin?
1. Para a Infopédia, vem de hassasî, «bebedor de haxixe» (pelo italiano assassino).
2. José Pedro Machado (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa), confirmando que o vocábulo entra na língua portuguesa pelo italiano, embora também situe a sua origem no árabe, dá-nos uma grafia diferente (haxaxi “do haxixe; que usa bebe ou fuma haxixe”. Acrescenta ainda: “os sequazes do Velho da Montanha cometiam os delitos que lhe tinham sido impostos após terem bebido uma mistela inebriante, preparada com haxixe, cuja folhas secas se comem e fumam”.
3. O sítio brasileiro http://origemdapalavra.com.br situa a origem no árabe hashishiyyin e acrescenta que “Era o nome aplicado aos participantes de uma seita ismaelita da qual se dizia que enviava matadores sob o efeito dessa droga.
A palavra terá entrado no português no século XVI com a grafia asasinos.

Abraço.

António Pereira

agosto 15, 2013

.Qual a origem da palavra ZERO?

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Os Romanos desconheciam o zero, começando o seu sistema de numeração no 1 (I). 
O algarismo zero, ausente no sistema de numeração dos romanos, fora descoberto pelo povo hindu, bem como um novo sistema de numeração semelhante ao utilizado atualmente. Esse sistema consistia em uma base decimal (dez algarismos) que ordenados entre si formavam e representavam qualquer número. O sistema criado pelos hindus fora divulgado por toda a Europa pelos árabes, passando a ser conhecido como sistema de numeração indo-arábico. Esses números contribuíram de forma incessante na modernização dos cálculos matemáticos, em razão de sua praticidade simbólica e representação de quantidades.(In http://www.brasilescola.com/curiosidades/como-se-escreve-o-zero-na-escrita-romana.htm)
Dito isto, não supreende que a palavra zero venha do sifr (vazio), pelo latim zephĭru-,. Entra na língua portuguesa pelo francês zéro, segundo a maior parte das fontes. Outras levantam a hipóteses de nos ter chegado pelo italiano zero.

Abraço.
AP


P.s. Acho muito interessante e prática a forma verbal “zerar”, usada no Brasil. Por cá, somos mais palavrosos: “pôr a zeros”, “dar a nota zero”, etc.

agosto 11, 2013

O ou A apêndice?

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A propósito de um outro artigo em que utilizei a expressão “o apêndice”, alguns leitores brasileiros questionaram-me sobre o género da palavra, sugerindo o seu uso no feminino (“a apêndice”).
Não tinha qualquer dúvida de que, em Portugal, é o apêndice. Logo, centrei-me nas fontes brasileiras (Aulete, Houaiss, Michaelis e VOLP da Academia Brasileira de Letras) e a conclusão é clara.

PORTUGAL e BRASIL

Devemos dizer apenas O apêndice

Nota: A dúvida poderá ter uma explicação no facto de dizermos A apendicite…

Abraço.
AP