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fevereiro 28, 2014

Como escrever: GESTAPO ou Gestapo?


A palavra de hoje designa a polícia secreta de Hitler (ditador alemão, 1889-1945) e é um acrónimo* formado a partir de três palavras:  Ge(heim) Sta(ats) Po(lizei), «polícia secreta do Estado».

E qual a grafia correta: GESTAPO ou Gestapo?
A consulta das gramáticas que tenho cá em casa e as pesquisas feitas na internet foram infrutíferas: não encontrei uma regra para o caso…
Resta o campo das hipóteses a partir da análise das grafias de alguns acrónimos conhecidos:

Grupo 1
ONU (Organização da Nações Unidas), NASA (National Aeronautics and Space Administration), UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization), UNICEF (United Nations International Children's Emergency Fund).

Grupo 2
Hamas (Harakat al-Muqawamah al-Islamiyyah)
Interpol (International Police)

Dito isto, parece que:
1. Quando formado apenas com as iniciais de cada palavra, usamos maiúsculas em todo o acrónimo: ONU.
2. Quando são usadas duas ou mais letras de uma ou várias palavras, apenas a letra inicial do acrónimo é com maiúscula: Interpol.

 
CONCLUSÃO POSSÍVEL:
Devemos escrever Gestapo.
Nota: a pronúncia segue as regras do alemão: “guestápo”.

*Segundo o Ciberdúvidas, um acrónimo é uma “palavra formada através da junção de letras ou sílabas iniciais de um grupo de palavras, que se pronuncia como uma palavra só, respeitando, na generalidade, a estrutura silábica da língua.

Abraço.
AP

fevereiro 27, 2014

Como escrever: ovni OU óvni?


Devemos escrever óvni, palavra que tem origem no acrónimo* OVNI (objeto voador não identificado, tradução do inglês ufo: unidentified flying object).
O acento é obrigatório, como acontece com todas as palavras paroxítonas (graves) terminadas em i, seguidas ou não de s: lóbi, penálti, lápis, etc.
Contrariamente a todas as outras fontes consultadas, o Portal da Língua Portuguesa também admite a grafia ovni. Nem o supertolerante Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, admite tal possibilidade…

CONCLUSÃO:
Tanto em Portugal como no Brasil: óvni.

*Segundo o Ciberdúvidas, um acrónimo é uma “palavra formada através da junção de letras ou sílabas iniciais de um grupo de palavras, que se pronuncia como uma palavra só, respeitando, na generalidade, a estrutura silábica da língua.

Abraço.
AP
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fevereiro 25, 2014

.os WC, os WC’s ou os WCs?


WC é a sigla da expressão inglesa «water closet», com o significado de «casa de banho" ("banheiro" no Brasil).
Há quatro grafias possíveis: W.C., w.c., WC ou wc.
Quanto ao plural, tanto o FLIP como o Ciberdúvidas consideram que o mais aconselhável é não pluralizar as siglas (nem os acrónimos), não admitindo o uso do apóstrofe. Quanto à adição de s, não podendo ser considerada erro, não é um procedimento lógico. Pode ler um artigo mais aprofundado sobre o assunto no meu outro blogue (AQUI).

CONCLUSÃO:
O plural de “o WC” é “os WC.
Nota: A grafia “os WCs”, sendo possível, é de evitar.

Abraço.
AP

fevereiro 24, 2014

Qual a origem da palavra ÁLBUM?

Embora a origem da palavra esteja no latim álbum («quadro branco; lista; encerado branco em que as autoridades romanas publicavam leis e éditos»), ela entra na língua portuguesa pelo alemão Album (em alemão, os nomes escrevem-se com maiúscula). No entanto, também há quem defenda que o termo nos chega pelo francês no séc. XIX.

Fontes consultadas:
.Dicionário online Infopédia
.Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado

Abraço.
AP
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fevereiro 21, 2014

Para que serve o modo IMPERATIVO?

 
Ensina-se que o imperativo serve principalmente para dar ordens. Será mesmo assim?
Celso Cunha e Lindley Cintra têm uma opinião bem diferente:
Embora a palavra IMPERATIVO esteja ligada, pela origem, ao latim imperare “comandar”, não é para ordem ou comando que, na maioria dos casos, nos servimos desse modo.(…) Quando empregamos o IMPERATIVO, em geral, temos o intuito de exortar o nosso interlocutor a cumprir a ação indicada pelo verbo. É, pois, mais o modo da exortação, do conselho, do convite, do que propriamente do comando, da ordem.” In Nova Gramática do Português Contemporâneo, pág. 474.
 
CONCLUSÃO:
O IMPERATIVO serve para INCITAR À AÇÃO!

Nota: numa perspetiva mais clássica, diz-se (como aprendi na escola) que o imperativo tem duas ou três pessoas:
lava (TU)
lavemos (NÓS)
lavai (VÓS)
No entanto, atualmente é consensual que devem ser consideradas cinco pessoas neste modo:
lava (TU)
lave (VOCÊ)
lavemos (NÓS)
lavai (VÓS)
lavem (VOCÊS)

Abraço.
AP
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fevereiro 20, 2014

salgalhada OU salganhada?

 
Em Portugal, está disseminado o uso de salganhada. Excetuando os dicionários da Porto Editora, a generalidade das fontes, incluindo o Vocabulário do Portal da Língua Portuguesa, registam a palavra como sinónimo de salgalhada.  
No Brasil, tanto os dicionários como o VOLP da Academia Brasileira registam apenas salgalhada.
Enquanto salgalhada resulta adição salgar+-alho+-ada, salganhada é o resultado da troca de um lh por um nh, o que poderá ficar a dever-se, para Sandra Tavares (Ciberdúvidas), “a um maior conforto fónico”.
Seja qual for a forma, o seu sentido é “mixórdia; confusão; trapalhada”.

CONCLUSÕES:
PORTUGAL
BRASIL
Salgalhada (termo recomendado)
Mas também…
Salganhada (considerando as fontes que registam a palavra)
Salgalhada
 
Nota: Nenhuma fonte valida a versão salganhada.

Sem salgalhadas (nem salganhadas...), fica o habitual abraço.
AP
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fevereiro 19, 2014

DISCORDAR DE ou DISCORDAR COM?


Ontem, no “Jornal da Noite” (da estação portuguesa TVI), uma repórter, metendo os pés pelas mãos, saiu-se com um “discordar com” de deixar o bichinho do ouvido com vontade de emigrar para bem longe do canal auditivo.
O verbo discordar pede a preposição de.
Como diz Regina Duarte (no Ciberdúvidas), “Rigorosamente, «discorda-se» de pessoas, de posições, de ideias, de decisões...

CONCLUSÃO:
Concorda-se com alguém
                               
MAS…
 
Discorda-se de alguém
CONCORDAR COM
DISCORDAR DE

Sem discórdias, deixo o meu abraço!
AP
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fevereiro 18, 2014

De onde vem a palavra IGREJA?

A belíssima igreja matriz de Cortegaça, norte de Portugal, com o exterior forrado de azulejos.

Igreja vem do grego ekklesía, «assembleia», pelo latim ecclesĭa-, «assembleia do povo; igreja».
A evolução da palavra dá-nos, como aconteceu com outras palavras, sobretudo na Idade Média, múltiplas variantes: além de igreja, encontramos egreja, ygreja, egleja, eglesa, egleia, greja, igreija, eigleija, eigleja, eigreja, eygleyja, eigreia, ergueyja, egrésia, eglesia, etc., e, no séc. XIV, o diminutivo eigreieliha (igrejinha).

Por um processo de evolução divergente, chegou também à atualidade a palavra eclésia com três sentidos:
Assembleia política de cidadãos dos Estados da Grécia antiga, especialmente dos de Atenas;
Denominação usada pelos primeiros escritores cristãos, para assembleias cristãs locais;
O conjunto ideal dos cristãos. Organização cristã, Igreja.

Num artigo da wikipédia, encontrei mais uma informação interessante. Mesmo não tendo conseguido atestar a sua fidedignidade, aqui fica um extrato:
Ecclesia é uma palavra latina (…) significou, originalmente, "curral" ou "abrigo de ovelhas". Trata-se de uma palavra muito difundida no Cristianismo, em que os fiéis são chamados de "ovelhas", que são cuidadas pelos "pastores".

Fontes consultadas:
.Dicionários online: Infopédia, Priberam e Michaelis.
.Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado.

Abraço.
AP
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fevereiro 17, 2014

De onde vem a palavra PECHISBEQUE?


De onde vem esta palavra que designa a conhecida “liga de cobre e zinco, de cor semelhante à do ouro, usada sobretudo em joalharia barata”?
A sua origem está no inglês pinchbeck.
Interessante é o facto de este nome comum ter nascido do nome do inventor da tal liga, o Sr. Christofer Pinchebeck, relojoeiro inglês nascido no século XVII.

Fontes consultadas:
.Dicionários online Infopédia
.Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado

Abraço.
AP
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fevereiro 16, 2014

Afinal como é: CATÉTER ou CATETER?


Consultando o Aulete online, ficamos com a impressão de que ambas as grafias e pronúncias são aceitáveis: “Embora a pronúncia erudita seja a oxítona (com pl. paroxítono: cateteres), no Brasil é mais us. a forma catéter (pl. catéteres) .]
No entanto, a consulta de outras fontes, incluindo os vocabulários da Academia Brasileira de Letras e do Portal da Língua Portuguesa, mostra que a versão correta da palavra respeita as suas origens gregas: kathetér.

CONCLUSÃO:
Embora seja comum, tanto em Portugal como no Brasil, a pronúncia “catéter”, a palavra não é paroxítona (grave), mas sim oxítona (aguda). Logo, a única grafia correta é CATETER (pronunciada “catetér”).
Nota: É natural que, mais tarde ou mais cedo, as duas grafias venham a fazer parte dos dicionários como acontece, por exemplo, com biópsia/biopsia, autópsia/autopsia, termóstato/termostato, púdico/pudico e túlipa/tulipa.

Abraço.
AP
P.s.: Claro que, numa situação de aflição, é pouco importante qual a escrita e pronúncia corretas. O essencial mesmo é que alguém introduza com mestria o pequeno tubo no sítio certo…

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fevereiro 15, 2014

Vírgula antes de E/OU... Sim ou não?

Mais do que marcar uma pausa da oralidade na escrita, a pontuação deve ser vista como um conjunto de sinais que visam tornar mais clara a sintaxe e a lógica do discurso. Ou seja, ela não deve entendida isoladamente, mas em articulação com a análise das estruturas sintáticas.
O assunto é espinhoso e, em determinadas situações, gera discórdia até entre os especialistas da língua.
Ocupa-nos hoje uma situação bem específica:
Há ou não vírgula antes de E/OU?
Nas escolas, contorna-se a dificuldade ensinando que é erro colocar vírgula. Sendo esta uma regra aceitável, não podemos esquecer que há situações em que a colocação de vírgula antes de E/OU é aceitável, aconselhável ou mesmo obrigatória.

Alguns exemplos ilustrativos:
FRASES
Vírgula: SIM ou NÃO?
As proibições, as obrigatoriedades e os limites de velocidade foram respeitados.
Queres as maçãs, as peras, os kiwis ou as uvas?
NÃO se usa vírgula antes de E/OU quando estas palavras  ligam os elementos de uma enumeração. Elas estão a substituir uma vírgula.
A mulher morreu e foi enterrada no dia seguinte.
A mulher morreu ou ficou gravemente ferida?
NÃO há vírgula, uma vez que E/OU ligam orações com o mesmo sujeito: “A mulher”.
A mulher morreu, e cada um dos filhos procurou o seu destino.
A mulher morreu, ou os filhos conseguiram salvá-la?
É POSSÍVEL a vírgula, pois E/OU ligam orações com sujeitos diferentes: “A mulher” e “os filhos”.
Nota: Enquanto que para Rodrigo de Sá Nogueira o uso da vírgula é obrigatório nesta situação, Lindley Cintra e Celso Cunha consideram o seu emprego uma tendência e não uma regra. Logo, a vírgula não é obrigatória.
“Abrem-se lírios, e jasmins, e rosas.”
                              (Alberto de Oliveira)
“Vai o fero Itajuba perseguir-vos
   Por água ou terra, ou campos, ou florestas;
    Tremei!...”             (Gonçalves Dias)
É ACONSELHÁVEL pôr vírgula quando E/OU vêm repetidos numa enumeração.
O meu pai correu, ágil como um tigre, e fez frente ao agressor!
Vens connosco dar uma volta, esquecendo o nosso desentendimento, ou vais continuar amuada?
É OBRIGATÓRIA a vírgula quando imediatamente antes de E/OU vem uma palavra, expressão ou oração intercalada. No entanto, esta vírgula não tem relação direta com o E/OU, pois a sua função é fechar a intercalação.

DICA E REGRAS A TER SEMPRE À MÃO:
1. Em caso de dúvida, não coloque vírgula antes E/OU. Como diz Carlos Rocha (Ciberdúvidas), “existe certa margem de liberdade para dispensar a vírgula antes das conjunções coordenativas e e ou.
2. A vírgula só é obrigatória antes de E/OU:
a) Se, imediatamente antes, vem uma palavra, expressão ou oração intercalada:
1.A Sara esperou, impaciente, e acabou por se ir embora antes de nós chegarmos…
2.Sorriu, com aquele jeitinho que só ela tem, e aceitou sair comigo!
3.Reages, mobilizando todas as tuas energias, ou deixas que as dificuldades te vençam?
b) Quando o E/OU fazem parte de um segmento intercalado.
1.O meu objetivo era, e continua a ser, ir viver para o campo.
2.Todos temos, ou devemos ter, vontade de ajudar o próximo.

Fontes consultadas:
.Guia Alfabética da Pontuação, de Rodrigo de Sá Nogueira (Clássica Editora, 1989).
.Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Lindley Cintra, Celso Cunha (Edições João Sá da Costa, 1984).
.Ciberdúvidas

Sem parênteses nem vírgulas, da falda da Arrábida para o mundo, segue o meu abraço.
AP

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fevereiro 14, 2014

Qual a origem da palavra ROLHA?


Vinda do latim rotŭla- («rodinha»), a evolução da palavra passa pelas formas rocla > rogla > royla > rolha. Extrato de um texto provavelmente do século XVI: “…ele tem nariz de rrolha / sobre ter rruym sembrante.
Curiosamente, a palavra rótula ter origem no mesmo étimo: rotŭla-.
Fontes consultadas:
Dicionário online Infopédia e Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado.
Abraço.
AP
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