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dezembro 19, 2015

PLEONASMO: vício ou virtude?


A consulta de um dicionário diz-nos que o pleonasmo é um “recurso estilístico que consiste em usar intencionalmente palavras e expressões repetitivas e redundantes para tornar uma ideia mais expressiva”, mas também é sinónimo de algo “supérfluo, desnecessário”.
Num caso e noutro, a origem da palavra é esclarecedora. Vem do grego pleonasmos (pelo latim pleonasmu), significando «superabundância».

SISTEMATIZANDO:
1. O PLEONASMO pode ser VIRTUDE expressiva:
Assombros da natureza, vistos com os olhos, palpados com as mãos, e pisados  com os pés.” (Padre António Vieira)
Chovia uma triste chuva de resignação.” (Manuel Bandeira)
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
  E rir meu riso e derramar meu pranto.” (Vinicius de Morais)

2. Mas também pode VÍCIO a evitar:
entrar para dentro”, “sair para fora”, “subir para cima”,  “descer para baixo”, “hemorragia de sangue”,  “plebiscito popular”, “unanimidade de todos”, “repetir de novo”, “há cinco dias atrás”, “segredo secreto”, “decapitar a cabeça”, “acabamento final”, etc.
Nota: Há expressões tão utilizadas que nem nos damos conta de que são pleonasmos. Exemplos: “erário público” (a ideia de público já está associada ao termo erário); “vereador municipal” (chama-se vereador por ser eleito para a câmara municipal); “elo de ligação” (elo já significa cada um dos anéis de uma cadeia).

Abraço superabundante para todos com braços do tamanho do mundo!

ProfAP
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dezembro 12, 2015

OVO: um PALÍNDROMO?


Não, este não é um artigo sobre biologia, mas sobre uma forma particular de ler…
Para a Infopédia, PALÍNDROMO é uma “palavra ou designativo da palavra, número ou frase cuja leitura é a mesma, quer se faça da esquerda para a direita, quer da direita para a esquerda”. A origem da palavra está no grego palíndromos (“que corre para trás”; “que volta sobre os seus próprios passos”).
Exemplos:
1. Frases: A base do teto desaba. / O lobo ama o bolo. / A mala nada na lama.
2. Palavras: osso, assa, ata, anilina, mamam, somamos, sopapos.
3. Números: 2112, 329923, 80433408.

RESPOSTA:
OVO é um palíndromo!

Abraço.

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dezembro 11, 2015

ABERTO ou ABRIDO?

A conjugação verbal pode ser um bico de obra, sobretudo no momento de usar o particípio passado. Há verbos que têm apenas um e outros que apresentam dois (um regular, outro irregular).
No caso do verbo abrir, a generalidade dos falantes diz aberto, mas também há quem diga abrido. Se em relação à legitimidade da forma irregular não há dúvidas, que dizer de abrido?

RESPOSTA:
A única forma considerada correta é ABERTO!
Nota – Embora o dicionário Michaelis a considere aceitável com os verbos ter e haver (dando como exemplo a frase “Tendo abrido a porta, olhei.”), a forma ABRIDO não é aceitável para a generalidade dos especialistas. É o caso da “Nova Gramática do Português Contemporâneo”, de Celso Cunha e Lindley Cintra, que inclui o verbo abrir no grupo dos que têm “apenas particípio irregular, não tendo conhecido jamais a forma regular em -ido”.

Abraço.

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dezembro 05, 2015

Como se pronuncia a palavra SINTAXE?

A pronúncia da letra x não é pera doce! Diz-se “ch” no início das palavras (como em xaile e xelim), havendo quatro formas de pronunciar esta letra no interior das palavras:
a)“ks” (axila, fixo);
b) “z” (exame, exílio);
c) “ss” (auxílio, próximo);
d) ch” (enxofre, enxame).
Quanto a sintaxe, ouvimos a pronúncia “ks” a par de “ss” e também, embora menos vezes, “z”. Qual a pronúncia correta?

RESPOSTA:
A única pronúncia aceitável do x em sintaxe é “ss”.
Obs.: Segundo o Portal da Língua Portuguesa, na pronúncia em Portugal o e final é “comido” (“sintass”), enquanto noutros países lusófonos (como Timor-Leste, Moçambique, Angola e Brasil) é pronunciado i (“sintassi”).

Abraço.

ProfAP
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As 10 expressões mais curiosas usadas pelos portugueses!

Este artigo poderia começar por dizer que a língua portuguesa é muito traiçoeira. Mas de qualquer das formas, não é esse o caso. Neste caso, tentamos explicar algumas das mais estranhas expressões usadas pelos portugueses e o seu significado real.

1. Um português não tem um problema, na realidade ele está «feito ao bife».
2. Um português não lhe diz para desistir de algo, diz-lhe «tira o cavalinho da chuva».
3. Um português não lhe diz para o deixar em paz, diz-lhe «vai chatear o Camões».
4. Um português não lhe diz que é sexy, diz-lhe «é boa como o milho».
5. Um português não repete o que diz, ele «vira o disco e toca o mesmo».
6. Um português nunca se chateia, apenas «fica com os azeites».
7. Um português não tem muita experiência, ele tem «muitos anos a virar frangos».
8. Um português não desconfia, ele tem «a pulga atrás da orelha».
9. Um português não faz algo para se exibir, faz para «inglês ver».
10. Um português não tem ideias estranhas dentro da cabeça, tem «macaquinhos na cabeça».

Fonte:
Texto publicado no portal Vortex Magazine no dia 5 de abril de 2015 (via Ciberdúvidas).

Abraço.

ProfAP

dezembro 04, 2015

Há promoções no ALDI? "CONCERTEZA"!


Quando a estava a pensar no assunto que iria abordar hoje no blogue, ao passar os olhos por um folheto da cadeia de supermercados ALDI, deparei com este incrível “CONCERTEZA”. Como é possível que uma empresa possa ser tão descuidada com o uso da língua portuguesa, cometendo este erro (repetido na página 4 do folheto), péssimo exemplo para os leitores (sobretudo os mais novos)?

Eis o que deveria estar escrito:
COM CERTEZA NUNCA FALTA PÃO NUMA MESA PORTUGUESA

COM CERTEZA é uma locução adverbial, formada pela preposição de e o nome (substantivo) certeza, sendo a grafia “CONCERTEZA” inaceitável.
Dica: Não sabendo se deve escrever uma palavra ou duas, compare com o oposto. Exemplos:
JAMAIS – NUNCA; COM DÚVIDA – SEM DÚVIDA; COM CERTEZA – SEM CERTEZA.

Abraço.
ProfAP

Obs.: Mesmo com aquele pontapé na ortografia, os pãezinhos, disponíveis até terça-feira, são mesmo uma tentação: com chouriço, com leitão, com abóbora e noz, de trigo e alfarroba, de centeio…

dezembro 02, 2015

Foi você que disse "RÚBRICA"?


Há pouco, respondendo a pedidos de esclarecimento de alguns deputados, na Assembleia da República, o novo Primeiro-Ministro, António Costa, referiu-se às “rúbricas” do Orçamento de Estado.
O problema é que a palavra para nos referirmos a uma “assinatura abreviada” tem de ser  exatamente a mesma a usar para designar “um assunto ou uma parte específica de um documento”: 
RUBRICA 
(palavra paroxítona com a pronuncia “rubríca”)

Nota: Pouco depois, António Costa deu mais um pontapé na gramática quando falou de “acórdos” estabelecidos ao longo dos últimos anos. Como referi no artigo publicado no blogue em 10/11/2015 (AQUI), a pronúncia certa é “acôrdos”.
Apesar das desafinações no domínio da prosódia, esperemos que, para o bem de todos, o novo governo entre com o pé direito. Ou será o esquerdo? ;)

Abraço.

ProfAP
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CÉU é uma palavra aguda (oxítona)?


É uma chata a gramática… Mas, quer queiramos quer não, ela faz parte de nós! Implacável, dita as regras que regulam o uso que fazemos da língua a cada momento.
A resposta à questão de hoje poderá ser surpreendente para alguns, mas é a lógica pura e dura da Sr.ª Dona Gramática…
Se já houve tempos em que palavras como CÉU, DEU, DÓI e FAZ eram classificadas como oxítonas (agudas), hoje já não é assim.

RESPOSTA:
A palavra CÉU não é oxítona, sendo classificada apenas como monossílabo.
Justificação: A classificação de aguda (oxítona), grave (paroxítona) e esdrúxula (proparoxítana), quanto à acentuação, é possível apenas quando «as palavras têm mais de uma sílaba» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 36).

Abraço.
ProfAP
                                                                                                                                                                    Imagem encontrada AQUI.

dezembro 01, 2015

Como escrever: NUVEM ou NÚVEM?

Vemos com frequência a grafia “núvem”. É comum os alunos escreverem dessa forma, não sendo difícil encontrar exemplos online (no youtube e no facebook, por exemplo).

NÚVEM DE LÁGRIMAS - FAFÁ DE BELÉM part.esp.;CHITÃOZINHO & XORORÓ



No entanto, há apenas uma forma correta de escrever a palavra:
nuvem
Explicação: Esta é uma palavra paroxítona (grave). A regra determina que são acentuadas as palavras paroxítonas com as seguintes terminações e respetivos plurais:
a) l: agradável;
   b) n: pólen;
      c) r: néctar;
        d) x: tórax;
           e) i/is: táxi/lápis;
               f) us: bónus;
                 g) ã/ão: órfã/órgão;
                    h) um: fórum;
                        i) ps: fórceps.
Nota: Sendo acentuadas as palavras oxítonas (agudas) terminadas em em com mais de uma sílaba (também, advém, entretém, Belém, etc.), tal não se aplica às palavras paroxítonas com a mesma terminação: nuvem, ontem, jovem, homem, etc.

Abraço iluminado e sem nuvens para todos os amigos lusófonos!

ProfAP
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