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setembro 29, 2012

.mini-golfe, minigolfe ou mini golf?

Imagem encontrada na internet AQUI
 
Da análise das fontes consultadas, resultam as seguintes linhas de força:
1. Nem em Portugal nem no Brasil encontrei registos a validar a grafia mini golf.
2. Quanto a minigolfe:
a) Em Portugal, para além do Vocabulário do Portal da Língua Portuguesa, poucos dicionários apresentam a palavra;
b) No Brasil, é comum ver o termo nos media (“Para as que curtem natureza, cultivo de horta, equitação e ordenha. As esportistas têm futebol, vôlei, minigolfe.” Folha de São Paulo, 18/12/2011), mas, à exceção do Houaiss, nenhum dos dicionários consultados nem o Vocabulário da Academia Brasileira das Letras o registam.
3. Em relação a mini-golfe, segundo as regras, é uma grafia incorreta, pois o hífen é usado nas formações por prefixação quando:
a) A vogal (ou consoante) com que termina o prefixo é igual à vogal (ou consoante) inicial da palavra-base: mega-aversão, anti-ibérico, auto-observação, super-rico, hiper-resistente, sub-bibliotecário. Dica: efeito espelho;
u
b) A palavra-base começa por h: super-herói, auto-hipnose, bi-horário, mega-hertz, infra-humano. Regra sem exceções.
i
 Não se verificando nenhuma das duas hipóteses acima apresentadas, as probabilidades de não haver hífen são seguramente superiores a 98%.

CONCLUSÃO:
Em Portugal e no Brasil, escreva minigolfe.

Resta-me deixar a todos um abraço e o desejo de boas tacadas nas adversidades!
AP

setembro 28, 2012

.blog ou blogue?


Imagem encontrada AQUI.
 
Em Portugal, ambas as formas estão registadas em todas as fontes fidedignas, incluindo o Vocabulário do Portal da Língua Portuguesa. Podemos optar por blog,  estrangeirismo a colocar em itálico ou entre aspas (plural: blogs), ou pelo aportuguesamento blogue (plural: blogues).
No Brasil, a resposta não é tão simples. Se na blogosfera encontramos muitas vezes a grafia blog(s), nas fontes especializadas, não é bem assim.
Tanto o Vocabulário da Academia Brasileira das Letras como os dicionários Aurélio, Houaiss e Michaelis ignoram a grafia blog, não apresentando qualquer verbete. Contrariamente, o Aulete e o Dicionário Online de Português apresentam blog como sinónimo de blogue. Confirma-se assim a já aqui referida pouca abertura da norma brasileira em relação aos termos importados diretamente de outras línguas.

CONCLUSÕES:
Na norma luso-africana, blogue e blog podem ser usados, estando ao mesmo nível. Pessoalmente, prefiro sempre a adaptação.
Na norma brasileira, parece que a forma preferencial é blogue. No entanto, o facto de haver dicionários que registam as duas palavras acaba por legitimar, na minha opinião, a utilização tanto de blogue como de blog.

Abraço.
AP

setembro 27, 2012

.micro ondas, micro-ondas ou microondas?

Antes da aplicação das regras do Novo Acordo, micro (como o mini) era um dos prefixos mais problemáticos da língua portuguesa. Não havia regras que nos permitissem, em todas as situações, optar com segurança pelo uso ou omissão do hífen.
Sendo em muitas áreas confuso o texto do Acordo, em relação à hifenização, é inegável que houve uma sistematização/simplificação das regras.
Considerando o caso de hoje, segundo a Base XVI, ponto 1. b), há hífen:
”Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, (…) auto-observação, eletro-ótica, (…) semi-interno.
Obs.: Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc.”
Obs. minhas:
1. A regra também se aplica com consoantes iguais (inter-regional, sub-bibliotecário, circum-murar, etc.).


2. O prefixo co- só leva hífen antes de h, como em co-herdeiro.


CONCLUSÃO:
Embora antes se escrevesse microondas, com a aplicação da já referida Base XVI, a grafia correta passou  a ser, para todos os lusofalantes, micro-oondas (efeito espelho).
Esta é uma das escassas situações em que as novas regras determinam a introdução de um hífen e não a sua supressão. A vantagem é passarmos a ter uma norma mais abrangente, evitando termos a conviver microondas com auto-observação.

Abraço.
AP

setembro 26, 2012

.aguarela ou aquarela?

Ambas as palavras provêm do italiano acquerella.
Em Portugal, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (Academia das Ciências) estabelece claramente fronteiras: aguarela (como aguarelista) para o português europeu e aquarela (como aquarelista) para o português do Brasil. No entanto, a generalidade dos dicionários (bem como o Portal da Língua Portuguesa) regista os dois termos, não restringindo a área geográfica do seu uso.
Encontramos aquarela em Eça de Queirós (Cartas de Inglaterra):
não podendo ao menos servir, como elas, nem para assunto de uma aquarela”.
No Brasil, todos os dicionários registam aquarela. Em relação a aguarela, a maior parte apresenta a palavra, tratando-o de formas diferentes. O Aulete diz que é “a forma corrente em Portugal”; para o Houaiss, aguarela é o mesmo que aquarela; o Vocabulário da Academia Brasileira das Letras vai no mesmo sentido, apresentando as duas palavras.
 CONCLUSÕES:
Na norma luso-africana, embora aguarela seja mais comum, é legítimo usar tanto aguarela como aquarela.
Na norma brasileira, sendo aquarela o termo mais usado, parece-me que é igualmente correta a utilização de aguarela.
Aqui fica a minha aguarela preferida, nas palavras do poeta português Cesário Verde (1855-1886):

          DE TARDE
Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

 Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

 Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

                O Livro de Cesário Verde, Lisboa, 1887

Abraços!
AP

setembro 25, 2012

.encapuçados ou encapuzados?

Segundo uma notícia de 28/08/12 (“Voz Ribatejana”), “A Ourivesaria Rumor, situada junto ao mercado retalhista de Alverca, foi assaltada à hora de almoço de segunda-feira por dois indivíduos armados e encapuçados.
Não ponho em dúvida a veracidade da notícia. Ainda há pouco, nas notícias das 13h00, se falava de um assalto a uma caixa multibanco em Runa (Torres Vedras) por quatro indivíduos descritos como encapuzados na nota de rodapé e encapuçados nas palavras da locutora.
Em que ficamos? A resposta está na análise atenta da indumentária que os meliantes escolheram para a perpetração do crime:
1. Traziam um capucho? Eram encapuchados.
2. Optaram por uma carapuça? Sem espinhas: encarapuçados.
3. Enfiaram um capuz à pressa? Só podem ser encapuzados.
Nota: Se, num estilo requintado, se apresentaram dissimulados, com o rosto tapado até aos olhos por uma capa ou capote, eram embuçados, como no conhecido fado escrito por João Ferreira-Rosa.
E encapuçados? Talvez quando for inventado o “capuço” (ou a “capuça”)… Para já, o termo só existe na galeria dos pontapés na gramática! Com a minha professora da primeira classe (Maria Idalina Lopes Duarte), que ainda deve estar viva, pois tinha 17 anos na altura, daria direito a reguadas…

CONCLUSÃO:
Tanto no português europeu como na norma brasileira, a palavra certa é encapuzados (com as alternativas encapuchados e encarapuçados).

Comummente, os adjetivos referidos (incluindo o clandestino “encapuçado”) têm conotações negativas para a maior parte de nós. Mas as palavras são como as pessoas: as companhias são determinantes. Para descontrair, aqui deixo um extrato delicioso de Os Maias, de Eça de Queirós:
A mamã, ao ver, depois de tantos meses a chá preto, a garrafa de Clicquot encarapuçada de ouro – quase desmaiou, de enternecimento.

Sem capuz, capucho ou carapuça, deixo-vos na boa companhia da língua portuguesa.
Abraço.
AP

setembro 24, 2012

.teste diagnóstico, teste-diagnóstico ou teste de diagnóstico?

A. Teste diagnóstico / Teste de diagnóstico
Como jovem estagiário (há 30 anos…), aprendi a dizer teste diagnóstico, na linha de teste formativo e teste sumativo.
No entanto, segundo uma resposta do Ciberdúvidas (2011), podemos utilizar as duas formas. O seu sentido é o mesmo. As diferenças são apenas ao nível das classes/funções das palavras. Citando o Ciberdúvidas: “Em «teste de diagnóstico», temos um substantivo que funciona sintaticamente como complemento determinativo de teste, indicando o tipo de teste em questão; em «teste diagnóstico», temos um adjetivo que funciona sintaticamente como modificador nominal restritivo, ou seja, limita o domínio de referência da expressão nominal teste a um género particular de teste.
Assim, visto que o termo diagnóstico não é aplicado somente na área da medicina e o seu uso já se estendeu a outros domínios, desde a didática até à informática, poderemos ter frases como «Vamos fazer um teste de diagnóstico ao sistema operativo do computador» e «Vamos fazer um teste diagnóstico ao sistema operativo do computador», ambas com o mesmo significado.
B. Teste-diagnóstico
Em Portugal, nada valida a utilização desta forma.
No Brasil, para além do Vocabulário da Academia Brasileira das Letras, vários dicionários a registam (Aulete, Houaiss, Michaelis).

CONCLUSÕES:
1. Em Portugal, podemos dizer teste diagnóstico e teste de diagnóstico.
2. No Brasil, para além de teste diagnóstico e teste de diagnóstico, podemos também dizer teste-diagnóstico (com dois plurais possíveis: testes-diagnóstico e testes-diagnósticos).

Um bom serão para todos!
AP

setembro 23, 2012

.pró ou prò?

Ambos os termos estão corretos, mas devem ser utilizados em situações distintas.

A. PRÓ
1. Nome.
Usa-se no singular (Essa regra teria um único pró: seria igual para todos!) e no plural (Há que analisar os prós e os contras da situação.).
2. Preposição.
“Antes de grupos nominais, indica causa ou pessoa que se defende e apoia. As forças pró libertação. (Dicionário da Academia das Ciências).
3. Como elemento de formação de palavras, significando “a favor de”: pró-americano, pró-referendo, pró-vida. Nesta posição, como todos os outros prefixos acentuados, pró é sempre seguido de hífen (regra anterior ao Acordo Ortográfico).

B. PRÒ
Desde os ajustamentos ortográficos ocorridos em 1971 (Brasil) e 1973 (Portugal), um acento grave (`) indica sempre uma contração.
Prò = para (preposição) + o (artigo definido ou pronome demonstrativo). Exemplo: Vou de metro prò concerto. / Vai prò diabo que te carregue!

Agora, numa atitude pró-lazer, vou prò sofá!
Abraço.
AP

setembro 22, 2012

.desinquieto… ou inquieto?

Desfeito é o contrário de feito, desmontado é o antónimo de montado e desencravado opõe-se a encravado. Então, desinquieto é o contrário de inquieto, ou seja, é equivalente a quieto… Certo?
Errado! Aqui, “a lógica é uma batata”! Há uma redundância em desinquieto. O prefixo  des- é neutro, perdendo o seu sentido habitual de negação.
Transcrevo, com a devida vénia, um excelente “post” do blogue http://linguamodadoisec.blogspot.pt, publicado em abril de 2011:
Afinal, o que é ser "desinquieto"?
Curioso, como escolhemos suprimir uns prefixos - como em (com)portar-se - e acrescentar outros a certas palavras que deles não precisam.
É com relativa frequência que ouvimos alguém dizer que determinada criança é "desinquieta", quando, na realidade, inquieta seria o termo adequado. Para quê o des-?
Para dar mais ênfase à ideia de que se trata do oposto de quieto? Talvez. Mas acontece que o segundo prefixo, logicamente, anula o significado do primeiro (in-), que já exprimia a ideia de contrariedade. Então as pessoas que escolhem a versão aparentemente "reforçada" do adjectivo, "desinquieto", estão afinal a dizer o contrário daquilo que pretendem, pois desinquieto seria, no fim de contas, o mesmo que quieto!
Todavia, resta dizer que esta aparente redundância, que afinal é um contra-senso, tem sido tão usada (pelo menos num registo de língua familiar/popular), que a palavra "desinquieto" até já foi consagrada pelos dicionaristas, que descrevem o seu significado como "o mesmo que inquieto".
Não é que o povo é mesmo quem mais ordena?!”

CONCLUSÃO:
Tanto em Portugal como no Brasil, inquieto e desinquieto são termos sinónimos!

Sem inquietudes, despeço-me com votos de bom fim de semana!
AP

 

setembro 20, 2012

.mini-mercado, minimercado ou mini mercado?

Na sequência de uma escapadinha à Consolação (junto a Peniche), pude tirar estas duas fotos das fachadas de dois estabelecimentos, um quase frente ao outro. Qual deles respeita a ortografia da língua portuguesa?
mini mercado? Não!
 
mini-mercado? Também não!
 
 
Tive de pesquisar dezenas de imagens até encontrar a palavra escrita corretamente:
minimercado! Parabéns, Mavy!
 

O hífen é área mais “armadilhada”, verdadeira “maldição” da nossa língua, como diz uma linguista brasileira.
Ainda assim, não sendo o texto do Novo Acordo uma obra-prima de clareza, em relação ao hífen, conseguiu-se uma efetiva organização e simplificação das regras.
Antes, ninguém sabia dizer com segurança em que situações deveria haver hífen a seguir a “mini”. Atualmente, basta aplicar a dica a que já aludi noutras mensagens. Na maior partes das situações, só há hífen quando a letra final do prefixo é igual à que inicia o segundo elemento (efeito espelho, como em mini-investigação) e antes de h (como em mini-história).
Face ao que fica dito, a resposta é minimercado (aqui e no Brasil).
 
Nota: Antes do Novo Acordo, já devíamos escrever minimercado.
 
Abraço.
AP


setembro 18, 2012

.ténis, tenis ou tenís?

Olha só!
 
Na loja da foto, no concelho de Torres Vedras, alguém está a precisar de rever as regras de acentuação…

De acordo com a Base IX, ponto 2. b), do Novo Acordo, acentuam-se as palavras paroxítonas (graves) “que apresentam na sílaba tónica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -ã(s), -ão(s), -ei(s), -i(s), -um, -uns ou –us.”
Tendo como sílaba tónica um e aberto e terminando em –is, só podemos escrever, em todo o mundo lusófono, ténis, na norma luso-afro-asiática, e  tênis na norma brasileira. Pelas mesmas razões, acentuamos Vénus (Vênus no Brasil), bónus (bônus no Brasil), lápis e vírus.

Informação complementar:
Esta é uma regra com… 101 anos! Encontramo-la no Formulário Ortográfico aplicado em Portugal em 1911 (estendido ao Brasil cerca de 20 anos mais tarde), no Formulário Ortográfico de 1943 (no Brasil), na Norma de 1945 (em Portugal) e no Novo Acordo (em vigor desde 2009).

Abraço.
AP

setembro 17, 2012

.gin ou gim?

Ambas as palavras existem, mas com sentidos distintos.
1. Gin é a conhecida bebida alcoólica (do inglês gin, simplificação de geneva).
2. Gim (do inglês gin, adaptado do francês engin) designa, tanto em Portugal como no Brasil, o “instrumento com que se encurvam as calhas das linhas férreas.”
Notas:
. Embora os dicionários em Portugal registem gim como sinónimo de gin, para falar da bebida, segundo o Ciberdúvidas, devemos preferir o termo gin.
. No Brasil, é o contrário: para designar a bebida, a opção correta é a palavra gim (escolha corroborada pelos dicionários Aulete, Aurélio e Houaiss. Na mesma linha, o Vocabulário da Academia Brasil regista apenas gim).

E por hoje chega de… de gin (ou gim, em função do lado do Atlântico em que esteja o estimado leitor).
Abraçossss!
AP

setembro 16, 2012

.cônjuge ou cônjugue?

Esta é uma questão com resposta muito simples: cônjuge! Tanto em Portugal como no Brasil.
Segundo o Ciberdúvidas, o recurso a “cônjugue” terá a ver com outra palavra da mesma família: conjugal.

Boa semana!
AP

setembro 14, 2012

."estou quite" ou "estou quites"?

Quite (do francês quitte, de latim medieval quitus por quietus ‘tranquilo’) pode ter vários sentidos: igualar, saldar as suas contas, ficar livre de uma obrigação ou promessa.
Sendo quite um adjetivo, concorda obrigatoriamente, em número (singular ou plural), com a palavra a que está ligado.
1. Depois de pagar a última prestação, fiquei quite com o banco. à SINGULAR
2. Ele folgou um sábado, ela um domingo: ficaram quites! à PLURAL

CONCLUSÃO:
Em Portugal como no Brasil, “estou quite”/”estamos quites”.
Nota: O adjetivo desquitado (usado no Brasil), equivalente a divorciado, forma-se a partir de quite, significando ficar livre de uma obrigação (neste caso, de uma relação afetiva).
Por hoje, estamos quites!
Abraço e bom fim de semana.
AP

setembro 12, 2012

.dossier ou dossiê?

A resposta é simples, mas não igual para o todo o mundo lusófono.

Na norma luso-africana, podemos usar o estrangeirismo (do francês) dossier e também a forma adaptada dossiê. A generalidade dos dicionários apresenta as duas palavras.
Na norma brasileira, mais avessa à importação de termos estrangeiros, usa-se apenas a forma aportuguesada dossiê.

Encerrado este dossiê, resta-me deixar um abraço para todos!
AP

setembro 11, 2012

.neo-liberal, neoliberal ou neo liberal?

Imagem encontrada AQUI.

Vi hoje numa nota de rodapé, na TVI*, a palavra “neo-liberal”. Mais uma vez, o hífen foi a casca de banana fatal…
Voltamos à dica a aplicar com o Novo Acordo. Na maior partes das situações, só há hífen quando a letra final do prefixo é igual à que inicia o segundo elemento (efeito espelho, como em neo-ortodoxo) e antes de h (como em neo-hebraico).

CONCLUSÃO:
Tanto no português europeu como no Brasil devemos escrever neoliberal.  

Obs.:
Já antes do AO90 se devia escrever assim. Em Portugal (Norma de 1945) e no Brasil (Formulário de 1943) as regras determinavam que só havia hífen com o prefixo neo quando a seguir viesse vogal, h, r ou s.
Abraço.
AP

*Canal da televisão portuguesa.

.bienal ou bianual?

Um colega que estava a verificar uma ata de um conselho de turma chamou-me para me perguntar se a designação “disciplina bienal” estava adequada. Respondi sem hesitar que não, uma vez que “bienal” significava de dois em dois anos. Logo, tinha de se escrever “disciplina bianual”. Argumentou o secretário que, nos documentos oficiais, era assim que estava escrito. Pedi algum tempo para investigar a “fraturante” questão.
Depois de vários dicionários de papel para aqui, Ciberdúvidas para ali, dicionários online para acolá, FLIP para quem o apanhar, partilho as conclusões. Devo dizer-vos, como ponto prévio, que o secretário não teve de refazer a ata, o que significa que, afinal, as minhas certezas estavam a precisar de obras…
 A. Bienal
No seu sentido original, a palavra equivalia a “que ocorre de dois em anos”. No entanto, no seu uso generalizado, significa também “que dura dois anos consecutivos; bianual”.
MAS: Quando nos referimos a uma exposição ou evento, o sentido é que se realiza "de dois em dois anos". Exemplo: A “16ª Bienal de Cerveira”.
 B. Bianual
Segundo os dicionários, os seus sentidos são: “1. que ocorre duas vezes por ano / 2. que dura dois anos; bienal”
MAS: Bianual em botânica quer dizer “planta que dura dois anos, completando o seu ciclo evolutivo neste período”.

CONCLUSÃO PRINCIPAL: Os dois termos são equivalentes, pelo que podemos escolher um ou outro. Os contratos e as disciplinas são livres de serem bienais ou bianuais. Ainda bem para eles!

Abraço do AP.