Desfeito é o contrário de feito, desmontado
é o antónimo de montado e desencravado opõe-se a encravado. Então, desinquieto
é o contrário de inquieto, ou seja, é equivalente a quieto… Certo?
Errado! Aqui, “a lógica é uma batata”!
Há uma redundância em desinquieto. O prefixo des- é neutro, perdendo o seu sentido
habitual de negação.
Transcrevo, com a devida vénia, um
excelente “post” do blogue http://linguamodadoisec.blogspot.pt, publicado em abril de 2011:
“Afinal, o que é ser
"desinquieto"?
Curioso, como escolhemos suprimir uns prefixos - como em (com)portar-se -
e acrescentar outros a certas palavras que deles não precisam.
É com relativa frequência que ouvimos alguém dizer que determinada
criança é "desinquieta", quando, na realidade, inquieta seria o termo
adequado. Para quê o des-?
Para dar mais ênfase à ideia de que se trata do oposto de quieto? Talvez.
Mas acontece que o segundo prefixo, logicamente, anula o significado do
primeiro (in-), que já exprimia a ideia de contrariedade. Então as pessoas que
escolhem a versão aparentemente "reforçada" do adjectivo,
"desinquieto", estão afinal a dizer o contrário daquilo que
pretendem, pois desinquieto seria, no fim de contas, o mesmo que quieto!
Todavia, resta dizer que esta aparente redundância, que afinal é um
contra-senso, tem sido tão usada (pelo menos num registo de língua
familiar/popular), que a palavra "desinquieto" até já foi consagrada
pelos dicionaristas, que descrevem o seu significado como "o mesmo que
inquieto".
Não é que o povo é mesmo quem mais ordena?!”
CONCLUSÃO:
Tanto
em Portugal como no Brasil, inquieto e desinquieto são termos sinónimos!
Sem inquietudes, despeço-me com votos
de bom fim de semana!
AP
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