Em Portugal, o Dicionário da Língua
Portuguesa Contemporânea (Academia das Ciências) estabelece claramente
fronteiras: aguarela (como aguarelista) para o
português europeu e aquarela (como aquarelista) para o
português do Brasil. No entanto, a generalidade dos dicionários (bem como o
Portal da Língua Portuguesa) regista os dois termos, não restringindo a área
geográfica do seu uso.
Encontramos aquarela em Eça de Queirós (Cartas de Inglaterra):
“não podendo ao menos servir,
como elas, nem para assunto de
uma aquarela”.
No Brasil, todos os dicionários registam
aquarela. Em relação a aguarela, a maior parte apresenta a palavra,
tratando-o de formas diferentes. O Aulete
diz que é “a forma corrente em Portugal”; para o Houaiss, aguarela é o mesmo que aquarela; o Vocabulário da Academia Brasileira das Letras vai no mesmo sentido,
apresentando as duas palavras.
Na norma luso-africana, embora aguarela seja mais
comum, é legítimo usar tanto aguarela como aquarela.
Na norma brasileira, sendo aquarela o termo mais usado, parece-me que é
igualmente correta a utilização de aguarela.
Aqui fica a minha aguarela preferida,
nas palavras do poeta português Cesário Verde (1855-1886):
DE TARDE
Naquele pic-nic de burguesas, Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas, A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Abraços!
AP
Sem comentários:
Enviar um comentário