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junho 29, 2019

São Tomé na minha horta 4: matabala!

1. Foto tirada hoje.

Tendo trazido na bagagem, em março passado, um saco de matabala (branca e vermelha), ocorreu-me a ideia de semear uma na horta. Com a temperatura elevada da estufa e duas regas abundantes todos os dias, tentei recriar uma minifloresta tropical. A planta germinou e está a crescer como mostra a imagem. Resta saber se vai haver produção…
2. Matabala vermelha.

Faz lembrar o inhame, mas é mais gomosa. É consumida frita e cozida, mas também se fazem pastéis (que ainda não provei) e uma deliciosa sopa com especiarias, que degustei na Ilha do Príncipe e já recriei cá em casa.
3. Em fevereiro, numa floresta no Sul.

A maior parte das pessoas desconhece tanto o tubérculo como o nome que o designa: matabala em São Tomé e “kôkô” na Ilha do Príncipe. 
Originária da América do Sul, foi introduzida em São Tomé no século XVI. 
Até à independência, era-lhe dado pouco valor, sendo considerado alimento para dar aos porcos.
Depois da independência, e em particular nos anos 80 do século XX, passou a ser cada vez mais consumida e foi introduzida em alguns pratos para substituir a batata. O principal impulso para o seu crescente consumo deve-se aos pediatras e nutricionistas cubanos que convenceram as mães são-tomenses do seu alto valor nutritivo e incentivaram-nas a dar papas de matabala às crianças.

Abraço.
AP

junho 28, 2019

São Tomé na minha horta 3: coentro da terra!

Foto tirada na horta esta tarde.

A primeira vez que vi esta planta selvagem foi em 2017, ao pé da cascata que há junto à Roça Bombaim. Tem um aroma muito próximo dos coentros que conhecemos, talvez um pouco menos intenso. No entanto, o seu aspeto é bem diferente e a resistência ao calor é elevada. Faz lembrar um cardo, sendo muito utilizada em vários pratos (como a feijoada da terra).
No final da missão de voluntariado (março de 2019), realizada em São Tomé, comprei um molho destes coentros num supermercado. Como algumas plantas, tinham raiz, plantei três. Definharam e duas acabaram por morrer. Mudei a terceira para um local mais quente e, milagre!, ganhou vida e estás prestes a florir.
Embora a designação comum seja “coentro da terra”, tem outro nome vindo do forro (crioulo dominante em São Tomé). Uma possível explicação que encontrei:
Num restaurante no centro de São Tomé, enquanto comia uma sopa tradicional, com sabor a coentros, informaram­­-me que o nome desta erva, em crioulo forro, era selo sum zon maiá, que significa «cheiro do senhor João Maria».
Diz-­se, verdade ou mito, que o senhor João Maria foi um alentejano por quem uma mulher se apaixonou e que, por este cozinhar com coentros, baptizou assim a erva. «Cheiro do senhor João Maria.»
É muito bonito que numa colherada de sopa estejamos a comer uma declaração de amor.
Curiosamente, os coentros, depois de florescerem, ganham outro nome, cundu muala vé, que significa «cabelo de mulher velha» (esperemos que não tenha sido o senhor João Maria a baptizar assim a senescência dos coentros).

Abraço.
AP

Bruna Tatiana: Amo-te!



Dir-me-ão que a canção é “pimba” e que a letra não tem qualquer interesse pedagógico. Puro engano!
Aconselha a pedagogia que se use o erro como material de reflexão e de construção de conhecimento. Ora, encontramos nesta canção, mais do que dois tijolos, duas paredes inteiras:
1. Darei-te o devido valor…”
2. Houveram brigas e discussões…”

Dois belos pontapés (na gramática) de saída para pôr os meus jovens alunos guineenses a trabalhar a conjugação verbal: identificar os erros, corrigi-los, refletir, sistematizar as regras. Perfeito!
Está dado o pontapé (na gramática) de saída para a conjugação pronominal e o uso do verbo haver.

Abraço.
ProfAP

São Tomé na minha horta 2: folha de micocó!



Depois de algumas tentativas falhadas, temos micocó! Tímidas mas decididas, algumas plantas germinaram e estão a encorpar numa estufa artesanal que recria o calor dos trópicos.
Esta aromática, da família do manjericão, é sem dúvida a mais popular de São Tomé e Príncipe. É consumida em  muitas receitas (sopa, soo de matabala, feijoada à moda da terra...), mas a mais conhecida é a omeleta à moda da terra, muito simples de fazer e de sabor único: batem-se os ovos com sal, folhas de micocó bem picadas e cebola também picadinha. Depois, é só fritar em óleo de palma.
Como muitas outras plantas, as suas raízes são consideradas afrodisíacas…
Veja-se este extrato de um site que refere um episódio curioso, na Ilha do Príncipe, envolvendo Marcelo Rebelo e Sousa, a folha de micocó e o Sr. Assunção:
Depois de um diálogo, na ilha do Príncipe, com o “Sr. Assunção”, um dos vários “curandeiros”, segundo a comunicação social, com quem Marcelo Rebelo de Sousa conversou, sobre ervas e mezinhas, eis que este santomense diz ao presidente que as folhas que trazia na mão eram boas para “espevitar o apetite”. Disse o Sr. Assunção: “Se o senhor Presidente tiver falta de apetite, de comer…”. Mas Marcelo não o deixou terminar e respondeu: “Não é o caso…”.
Mas o Sr. Assunção não desarmou e disse a sorrir: “Faz chá disso e também aquece o material”.
E aqui Marcelo, referem as crónicas, arregalou os olhos e ripostou: “Ai aquece o material…?!”.
E eis que, quando a conversa prometia, a professora universitária e investigadora de plantas tropicais, Maria do Céu Madureira, interveio para mudar o assunto e dizer que “cheira muito bem e é da família do manjericão”.
É sempre assim, quando a conversa estava a “aquecer”, eis que o protocolo se intrometeu!

Abraço.
AP

É o amor! (The Code) - Compreensão oral


A. Exercício de compreensão: enquanto ouve a canção, preencha os espaços em branco. No final da letra, siga a instruções e saiba qual a qualidade do seu desempenho.


Dias cinzentos
calcados pelo vento
lembram-me de __________(1)

Estrada, tão larga,
tão __________(2) e calada
leva-te de mim
e eu fico aqui

E as ondas do __________(3)
levam-me o alento
__________(4) que o amor
era dar e receber e receber e dar de volta
mas não, não voltou
e tudo __________(5)
é o amor
é o amor
é o amooooooor

Quero-te mais
Eu quero-te mais

Para entender os nossos __________(6)
perdoar os nossos erros e tentar
perceber o que foi __________(7)
como acabou desse jeito
e __________(8)

É o amor

Noites tão escuras
tão pouco __________(9)
falam-me de ti

E a lua imponente
na vida e na mente
que o amor é __________(10)
fico por aqui
         (...)

B. Compare as suas respostas com a letra (disponível em  https://www.musixmatch.com/pt/letras/The-Code/%C3%89-o-Amor) e conte um ponto por resposta certa.

C. Autoclassificação:
a) 10 pontos 
Excelente
b) 8 a 9 pontos 
Mto. Bom
c) 7 pontos 
Bom
d) 5 a 6 pontos 
Suficiente
e) 3 a 4 pontos 
Insuf.
f) Menos de 3 p.
Fraco

Abraço e boa música para todos!
ProfAP

São Tomé na minha horta 1: erva-flor-de-mosquito!



Depois de várias tentativas desde 2014, consegui, com alguma emoção, que esta planta germinasse numa estufa artesanal que construí. Em São Tomé, ninguém soube explicar-me a origem da designação, mas, olhando com atenção para as florezinhas brancas, veem-se semelhanças com os mosquitos que costumamos ver à volta do vinagre deixado em contacto com o ar. Não sei se é essa a razão da atribuição do nome…
Pouco conhecida fora de São Tomé e Príncipe, esta é uma das mais interessantes plantas aromáticas do país. A fazer lembrar os orégãos, mas mais suave e com um aroma de limão, usa-se em múltiplos pratos: calulu (o prato nacional), arroz, molho para pôr no peixe grelhado, para polvilhar banana-prata assada no forno (também com coentros selvagens, de que falarei noutro “post”), feijoada da terra e izaquente (cujo processo de confeção me fascina e de que também vos falarei noutra ocasião) são alguns exemplos.

Abraço.
ChefAP