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Começo a
mensagem de hoje com uma transcrição do Ciberdúvidas:
[Pergunta] Gostaria de saber qual é o aportuguesamento da palavra
"croissant". No dicionário da Academia (…) encontrei: "croissã"; no dicionário brasileiro
Aurélio encontrei para o português europeu: "cruassã".
Qual
adoptar? Obrigado. (José
Rodrigo:: Empresário :: Lisboa, Portugal)
[Resposta] Refere-se, com certeza, à ortografia da palavra.
Quanto
à proposta do Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, parece-me que, de
facto, há uma certa incoerência: se aportuguesaram a terminação para «ã»,
porque não aportuguesar também o «oi» para «ua», como de resto faz o Dicionário
Aurélio? Por outro lado, também não me parece que «cruassã» seja a melhor forma
para nomear os tradicionais bolos franceses, já que, apesar de coerente, não é
reconhecida pela maior parte das pessoas. Nesta medida, defendo a proposta do Dicionário Houaiss e do da Porto Editora, que
referem “croissant” para designar os bolos em forma de crescente. (Susana
Correia:: 26/03/2003)
Mais
de nove anos passados sobre esta resposta, algo mudou e a Porto Editora,
seguindo a proposta de adaptação do dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, criou um verbete com a entrada croissã, remetendo para croissant,
que parece ser a forma preferencial. O VOP
do Portal da Língua Portugal, tão “ousado”
noutras adaptações, regista apenas croissant.
Estava
convicto da existência de uma adaptação da famosa meia-lua no português do
Brasil e… enganei-me! Não encontrei croissã
nem cruassã em nenhuma fonte. Quanto à
grafia croissant, está no Aulete,
Dicionário Online de Português, Houaiss. O Michaelis e o VOLP da Academia Brasileira de Letras não registam
nenhuma das palavras, como se o irresistível croissant não existisse…
CONCLUSÕES:
Portugal (norma luso-afro-asiática)
croissant
(em itálico ou entre aspas) e croissã
|
Brasil (norma brasileira)
croissant
(em itálico ou entre aspas)
|
Abraço.
AP
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ResponderEliminarMuito bom, gostei da colocação a respeito de Croissant. BAcana as referêncIAS. Tem uma música de Seu Jorge - BURGUESINHA que tem "Croissant".
ResponderEliminarPenso que poderíamos fazer uma parceria de blogs. O que acha?
Gostei do seu blog.
http://ricardosenee.blogspot.com.br
Gostei de suas pesquisas, são muito interessante. abraços e tudo de bom!
ResponderEliminarObrigado, Barbie!
EliminarTambém sou seguidor do seu interessante blogue.
Abraços e seja feliz, que é o mais importante na vida!
AP
Das duas, uma:
ResponderEliminarOu se deixa ficar tal qual, caso em que se se grifará;
ou se aportuguesa, caso em que a 1.ª sílaba não pode escrever-se «croi» e do mesmo passo pronunciar-se «croá» ou «cruá».
A boa solução é a de M. Azevedo.
- Montexto
Concordo que "cruassã" seria a boa solução. No entanto, para já, é apenas uma proposta, o que Mário Azevedo (que contactei em novembro) confirma quando, em "Teses, Relatórios e Trabalhos Escolares", na secção “Neologismos e Estrangeirismos a Evitar e a Introduzir", diz que “O critério último da adequação dum novo termo proposto para expressar um novo conceito reside sempre na aceitação da comunidade científica da especialidade.”
EliminarEnquanto essa aceitação não acontecer, as formas validadas para Portugal são "croissant" e croissã.
Cptos.
AP
Nós tb temos uma palavra sobre a questão. E, pelo visto, cabe-nos ensinar e educar a «comunidade científica da especialidade», e signigicar-lhe que devia, por ex., antecipar-se ao estenderete generalizado e exercer uma função pedagógica e até profiláctica.
EliminarMas, para falar de modo que toda a gente entenda, o português está entregue a desportugueses, - à bicharada.
- Montexto
É um ponto de vista que fica registado. Mais do que "croissã" ou "cruassã", incomoda-me a escrita confusa, a pontuação anárquica e tudo o que obscurece o sentido, desvirtuando a comunicação. Quanto às ameaças que poderão estar a ameaçar a língua, o tempo é o grande crivo e tudo depurará...
EliminarTudo conta. Evidentemente, os piores são os de lesa-sintaxe.
EliminarAntes de me cerrar sobre isto, lembro que o que realmente se lhe devia chamar, na flata de melhor, e se a tal comunidade «científica da especialidade» se antecipasse, não era «croissant», nem «cruassã», nem «croassã», mas simplesmente «crescente»: «Dê-me aí dois crescentes, ó Esteves, e feche a tabacaria.»
*
Mas parabéns pelo blogue, caro António Pereira. No ponto a que as coisas chegaram, na «defesa e ilustração» da língua portuguesa todos ainda somos poucos.
A começar pela defesa dela contra a tal comunidade.
- Montexto
Obrigado pelas interações e pelo antepenúltimo parágrafo. Um elogio vindo do Montexto (que já conheço do http://linguagista.blogs.sapo.pt) é um bem precioso... e escasso! Brindemos com um "crescente" bem estaladiço ;)
EliminarAP
Queria dizer "penúltimo parágrafo".
EliminarNão imaginava haver este tipo de dúvida, tanto assim existe resposta no dicionário, contudo, para mim sempre foi croissant e assim será.
ResponderEliminarBom domingo.
Dúvidas sempre há, o importante é deixar mais claro - Sempre conheci como brasileiro Brasil "croissant".
ResponderEliminarAbraços e ótimo blog.