Fonte da imagem: AQUI.
Na generalidade dos casos, ouvimos e
lemos providenciar, sendo raras as situações em que o segundo termo é aplicado.
A referida generalização tem riscos, pois o sentido das duas palavras
não é coincidente. Como vamos ver, enquanto providenciar equivale a tomar uma
medida em particular, prover corresponde a tomar um conjunto de medidas.
Mais uma vez, recorro, com a devida
vénia, ao Ciberdúvidas e transcrevo
um artigo da rubrica Pelourinho, publicado em 5/12/12:
“Providenciar
em vez de prover*
Wilton Fonseca**
A diferença entre ambos os verbos,
neste apontamento do jornalista Wilton Fonseca, publicado no jornal i, a propósito de uma outra palavra mal
utilizada pelo primeiro-ministro português.
Com a sua “refundação”, Passos Coelho
mostrou mais uma vez a pouca familiaridade com que ele e o seu Governo tratam a
língua portuguesa. A incapacidade de exprimir claramente uma ideia demonstra
incapacidade mental e ideológica.
Jornalistas e comentadores deram
tratos à bola, no afã de descortinar o significado e o alcance da “refundação”,
mas deixaram escapar uma magnífica frase do mesmo discurso: «Só ao Estado cabe
a responsabilidade de providenciar.» Coelho queria dizer que só ao Estado cabe
a responsabilidade de prover.
Providenciar é tomar uma
medida ou uma disposição adequada para fazer face a determinada situação (tomar
uma providência), diz respeito a uma medida singular, única. Prover é tomar
todas as medidas ou disposições necessárias para assegurar a realização ou a
concretização de um determinado facto (Deus provê). Refere-se a um conjunto de
factos, a uma pluralidade de acontecimentos.
Num momento em que o Governo
[português] loucamente lança a discussão sobre a “refundação” do Estado, não
seria possível providenciar um revisor para os discursos governamentais? Apesar
de tanto a “refundação” como a revisão de textos não constarem do programa
apresentado aos eleitores...
*In jornal
i de 5 de novembro de 2012, na
coluna do autor Ponto do i.
Manteve-se a antiga ortografia, seguida pelo jornal. :: 05/11/2012
**Jornalista português nascido no
Brasil.”
Nota: Os destaques foram
introduzidos no original.
Abraço.
APP.s. Tenha também:
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de jazz?
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Boas!
ResponderEliminarEm nenhum dos vários dicionários por mim consultados (Houaiss, Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, entre outros) vi corroborada a restrição que o Sr. Wilton Fonseca faz do verbo "providenciar" à tomada de «uma medida singular, única».
A distinção sinonímica estabelecida pelo sr. Wilton Fonseca entre «prover» e «providenciar» carece, pois, no meu entender, de sustentação mais consistente.
Esclarecimentos sobre o assunto serão muito bem-vindos.
Bem-haja pela sua iniciativa de difusão, enaltecimento e defesa da língua portuguesa,
p.