Imagem encontrada AQUI.
Embora soe mal e corresponda a um
padrão pouco comum de formação do feminino (infante-infanta é um dos
poucos casos), vamos analisar o assunto de forma objetiva e fundamentada.
A.
PORTUGAL
|
|
Vocabulário do Portal da Língua Portuguesa
|
Regista a palavra sem qualquer anotação.
|
Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa
|
.Esposa do presidente (depreciativo)
.Mulher que desempenha as funções de
presidente (linguagem familiar e popular)
|
Infopédia
|
.Mulher que preside (ling. popular)
.Esposa do presidente (popular, pejorativo)
|
Priberam
|
.Mulher que
preside.PRESIDENTE (informal)
.Esposa de um presidente (informal)
|
B.
BRASIL
|
|
Vocabulário da Academia Brasileira de Letras
|
Regista a palavra sem qualquer anotação.
|
Aulete
|
.Mulher que preside; esposa de um presidente
(familiar)
|
Aurélio
|
.Mulher que exerce função de presidente.
|
Houaiss e Michaelis
|
Apresentam os sentidos indicados pelo Aulete,
mas sem referências a registos de língua.
|
C. Conclusões:
1. Que a palavra é legítima, é inquestionável.
Está no Dicionário de Língua
Portuguesa, de Cândido de Figueiredo, 1913, retomando o que já
encontrávamos no mesmo autor em 1899:
Presidenta
f.
Neol.
Mulhér,
que preside.
Mulhér de um presidente. Cf. Castilho, Sabichonas, 128.
(Fem. de presidente) Nota: A obra de Castilho é de 1872.
Mulhér de um presidente. Cf. Castilho, Sabichonas, 128.
(Fem. de presidente) Nota: A obra de Castilho é de 1872.
2. É correta a utilização da forma “presidenta”
num contexto que não seja informal, familiar ou popular?
Em Portugal, considerando o que dizem os
dicionários, parece não haver justificação para a introdução do termo sem
restrições. Ou haverá?
Consultemos o Ciberdúvidas:
a) Em 3/01/2011,
o consultor J.N.H. diz taxativamente: “É correto dizer-se presidenta.” No entanto, uma semana
depois (10/01/2011), o mesmo consultor afirma: “Não é erro, pois, dizermos juíza presidenta, embora este último vocábulo seja
mais de cunho familiar e popular.”;
b) Como professor
de Português, sempre assumi o ponto de vista que encontramos numa outra
resposta do Ciberdúvidas: “Embora a palavra presidenta esteja dicionarizada, e
alguns especialistas (inclusivamente no Ciberdúvidas)
defendam o seu uso, assim como o de «estudanta», «ajudanta», «parenta»,
continuo a pensar que tais formas se devem evitar na linguagem que se queira
mais cuidada.” (T.A., 2008)
Em Portugal, na linguagem corrente e
formal, é aconselhável o uso de presidente.
|
Quanto ao Brasil, parece haver
maior abertura dos dicionários (excetuando o Aulete) para o uso livre de “presidenta”.
Por outro lado, há um detalhe que não existe em Portugal: a lei federal 2749,
de 1956. Segundo esta lei, do senador Mozart Lago (falecido em 1974),
determina-se o uso oficial de “presidenta”
para designar cargos públicos ocupados por mulheres.
No Brasil, Dilma Rouseff pode pedir para ser tratada
por presidenta, mas não pode recusar
a designação de presidente, dada a
sua natureza “bissexuada” da palavra…
Se sempre disse e prefere dizer presidente, não
precisa de mudar nada na sua forma de dizer.
Se é adepto de presidenta (independentemente de ser
adepto ou não da
presidente/presidenta…), nada o impede de continuar a sê-lo.
Nota final:
Várias fontes veem neste confronto presidente/presidenta muito mais do que
uma questão linguística: “A palavra presidente, durante muito tempo apenas substantivo masculino,
passou a ser usada e registada nos dicionários como substantivo de dois géneros
ou comum de dois (ex.: o presidente, a presidente). O uso de presidenta como
feminino de presidente corresponde a um padrão raro em português, podendo ser
encontrado em formas como giganta, infanta ou parenta, mas este uso tem
sido feito ultimamente também como afirmação política, social ou cultural,
nomeadamente de cariz feminista, de que são exemplos Dilma Rousseff,
na presidência do Brasil, ou, a um nível mais restrito, Pilar del Rio, na
presidência da Fundação Saramago.” http://www.flip.pt/Duvidas-Linguisticas/Duvida-Linguistica.aspx?DID=4872
Fontes:
1. Os dicionários
citados/referidos.
4. http://revistalingua.uol.com.br/textos/62/artigo248988-1.asp
Abraço.
AP
Não são precisas tantas voltas: presidenta, como infanta, estudanta, etc., é só mais um caso a confirmar ou lembrar a tendância da língua portuguesa para distinguir o género nesse tipo de nomes e noutros.
ResponderEliminarUma língua muito sexual e sexualizada. Devia ser mais valorizada - e usada.
- Mont.
Político vive de voto logo quase tudo q fazem tem marketing no meio. Dilma quis enfatizar o fato de ser a 1° mulher a ocupar o posto máximo do país. Em todos os cargos da burocracia estatal brasileira existe uma forma para cada gênero (onde as mulheres já tinham chegado faz tempo) menos no posto principal. Ela quis usar como exemplo num país onde as mulheres ganham menos fazendo o mesmo trabalho q os homens. Tb no Brasil os homens matam muitas mulheres todos os anos. Até algumas décadas atrás (muito pouco para a história de um país) o homem q era traído matava a mulher e alegava q estava a defender a a própria honra. Numa justiça só de homens o argumento sempre funcionava e poucos comiam a devida prisão. Foi preciso uma quase insurreição feminina para q isto acabasse. Portanto qualquer inciativa nesse campo é válida! Mas em geral as mulheres repelem o 'presidenta' considerado feio e caso fosse outra a eleita q não Dilma seria mesmo chamda de 'a presidente'. Pouco adianta haver uma lei q regula o assunto já q no Brasil existem leis 'q pegam' e as 'q não pegam'. Na prática ninguém dá a mínima para a tal lei!
ResponderEliminarPela mesma lógica (absurda - um cargo não é de passível de aplicação de género, pois num cargo "não se é" "está-se") no caso de um homem, deveria dizer-se "Presidento"?
ResponderEliminar