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A questão de hoje foi suscitada por uma frase que li
há pouco num artigo de um jornal diário. Eis o extrato da discórdia:
“está melhor preparado”.
Para responder com segurança à dúvida (“melhor preparado” ou… “mais bem preparado”?), basta atentarmos no termo que está na base de cada um destes dois
comparativos:
a) “Mais bem” é o comparativo do advérbio bem;
b) “Melhor” é o comparativo do adjetivo bom.
Conclusão:
Dado que dizemos estar “bem preparado” e não “bom preparado”, a resposta lógica só
pode ser uma: “está mais bem preparado”!
Notas:
1. No entanto, como costuma dizer-se, “a lógica é uma batata”. Numa resposta dada no Ciberdúvidas (AQUI), em 2009, J.N.H., apresenta dois exemplos que dão que pensar: “Vemos, porém, que Camões escreveu: «O ponto (…) melhor tornado no terreno alheio (…)» (Os Lus., IX, 58).
1. No entanto, como costuma dizer-se, “a lógica é uma batata”. Numa resposta dada no Ciberdúvidas (AQUI), em 2009, J.N.H., apresenta dois exemplos que dão que pensar: “Vemos, porém, que Camões escreveu: «O ponto (…) melhor tornado no terreno alheio (…)» (Os Lus., IX, 58).
Camilo em O Santo da Montanha, escreveu: «(…) aceitou um almoço melhor adubado que o da ceia (…)». E
assim outros grandes escritores.”
2. No mesmo Ciberdúvidas (AQUI), Regina Rocha, não tem dúvidas: antes do particípio passado, só é correto dizer "mais bem". Logo, "mais bem preparado"!
É ou não é uma
riqueza, a nossa querida língua portuguesa? Que me perdoem Camões e Camilo, mas
continuo a preferir a estrutura “mais bem”.
Para me despedir, deixo-vos o
mais bem apertado abraço do mundo!
AP
Pode-se usar tranquilamente tanto «bem preparado» como «melhor preparado». Exemplos em barda nos melhores autors de todas as épocas da língua.
ResponderEliminar*
Eu tb já reputei por correcto só «mais bem preparado» antes do particípio, mas os factos da língua são esmagadores.
Questão tratado por Augusto Moreno, entre outros.
-Mont.
José Fernandes Enxertado levava grande vantagem ao compadre, posto que este se considerasse melhor servido em fábrica de relógio, cujo tamanho, nestes nossos dias de coisas insignificantes, daria um regular relógio de parede.
ResponderEliminarCamilo, Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado, Lello, p. 13.
*
Exemplos destes, não raros em todos os autores de todas as épocas. Essa gentinha das Ciberdúvidas, antes de se pôr a perorar sobre a língua, por que não se dá ao trabalho de perlustrar os textos da dita, em vez de gramáticas e teses cerebrinas? Pergunta retórica.
- Montexto
José Fernandes Enxertado levava grande vantagem ao compadre, posto que este se considerasse melhor servido em fábrica de relógio, cujo tamanho, nestes nossos dias de coisas insignificantes, daria um regular relógio de parede.
ResponderEliminarCamilo, Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado, Lello, p. 13.
*
Exemplos destes, não raros em todos os autores de todas as épocas. Essa gentinha das Ciberdúvidas, antes de se pôr a perorar sobre a língua, por que não se dá ao trabalho de perlustrar os textos da dita, em vez de gramáticas e teses cerebrinas?
Pergunta retórica.
_ Montexto
ResponderEliminar«Muitos desses frutos silvestres, também já morreram; muitos porém, os conservei, e guardo; e, melhor amadurecidos do tempo, os irei (se a vida para tanto me der licença), oferecendo ao Público.»
A. F. de Castilho, O Tradutor e a Teoria da Tradução, 2000, 41.
Etc.
A Sr.ª D. Regina que leia os textos.
- Mont.
*
E «frutos silvestres», nanja «selvagens». N. B.
«Já falei dessa Trova no estudo sobre Romances Velhos em Portugal (p. 205, Nota), mas hoje estou um pouco MELHOR INFORMADA do que em 1907.»
ResponderEliminarCarolina Michaëlis de Vasconcelos, A Saudade Portuguesa, Estante Editora, Aveiro, 1990, p. 111, nota 142.
*
Ah, Sr.ª D. Regina, como foi nessa de chamar solecismo a frase tão fina?
Uma alemã aprendeu melhor a língua do que V. Exc.ª Nada de novo.
- Mont.
Estou absolutamente siderada com a leviandade que certas pessoas estão aqui a usar ao criticar outras que desconhecem.
ResponderEliminarPor essa ordem de ideias,isto é, com o recurso a exemplos extraídos de antigos escritores ( como se estes dominassem a língua na perfeição) ainda estaríamos mergulhados no galaico-português.
A sua ironia descabida choca com o trabalho fantástico da Profª Dr.ª Regina Rocha, bem como com o Ciberdúvidas cujos responsáveis são investigadores , alguns ligados ao ILC, da causa linguística e com trabalhos publicados.
O curioso é que se estriba em textos que já lá vão...esquecendo que os falantes fazem evoluir naturalmente a língua.
«(mais) bem preparado» e «(mais bom) melhor preparado» são, então, para si e a mesma coisa?
"melhor preparado" é mesmo um solecismo, senhor anónimo Mont ( o anonimato traduz um carácter dúbio.)
A propósito, tenho imensa curiosidade em saber quais os seus trabalhos publicados neste âmbito. Fora de ironias.
Realmente a nossa língua é algo de belo, mas convenhamos que tem lá as suas dificuldades. Como foi está supra citada. Muito me intriga o fator de em Os Lusíadas haver uma conotação contrastante por parte de Camões e de Camilo em sua obra. Mas a língua não é algo que esteja trancada à sete chaves, pois com o passar dos tempos e com o emprego da linguagem falada que muitas das vezes foge à rigidez do português vernáculo da escrita, provoca esses confrontos...
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