Imagem encontrada AQUI.
Como podemos ler numa resposta de “Dúvidas Linguísticas”
(flip.pt), “A palavra estória
é uma forma divergente de história, pois ambas têm origem no grego historía, -as (exame, informação, pesquisa, estudo, ciência)
através do latim historia, -ae, tendo
a forma estória entrado através do inglês story.”
Para compreender melhor esta coexistência
contemporânea, recuemos no tempo.
1. Na Idade Média encontramos várias grafias (com o mesmo sentido): historia, hestoria, estoria, istoria, estorea, etc.
Extrato de um
documento do século XVI: “E os lugares de portugueses que ficaram
em Portugal, posto que às vezes fossem vencidos como também às vezes eram
vencedores, porque assi passa onde ha continoa guerra, todavia sempre teveram
capitão christão até o conde dom Anrrique e el-rei dom Afonso Anrriquez seu
filho, o qual por autoridade apostolica foi feito rei não devendonada a alguém,
como com muita verdade afirma Rui de Pina 7 na Estorea
del-rei dom Sancho, o primeiro deste nome.” (In Fernão
de Oliveira, Gramatica da Linguagem Portuguesa, 1536).
2. No âmbito do período pseudoetimológico da evolução da língua portuguesa (entre
meados do século XVI e 1911), todas as grafias foram varridas, exceto… historia (que só recebeu acento com a
Reforma Ortográfica de 1911).
3. Em 1919, João Ribeiro (da Academia Brasileira de Letras) vai ao baú do
esquecimento, pega na estoria,
reanima-a com um oportuno acento agudo e apresenta-a como proposta para designar,
no campo do Folclore, a narrativa popular, o conto tradicional.
4. Em Portugal, o termo só começa a ser usado cerca de 30 anos mais tarde e
ganha visibilidade, em 1977, com a publicação do livro de contos Estórias Alentejanas, de Urbano Tavares
Rodrigues.
CONCLUSÃO:
As duas grafias estão consagradas nos dicionários e vocabulários (de
Portugal e Brasil) e podem ser utilizadas… mas os sentidos não são 100%
coincidentes.
Enquanto a palavra história pode ser utilizada em todos os
contextos, estória
só se aplica à ficção, designando, segundo a Infopédia, uma “história de carácter
ficcional ou popular; conto, narração curta”.
DICA: Estando na dúvida, use história e estará sempre
correto!
E agora que a história da estória está feita, um abraço a
todos!
AP
Parabéns pela excelente postagem! Um abraço
ResponderEliminarObrigado, Rosa!
EliminarA melhor recompensa é a satisfação dos leitores ;)
Abraço também para si.
António
Muito bem explicado, parabéns#
EliminarDeixemo-nos mas é de estórias.
ResponderEliminarMont.
Mas neste caso não há dedo dos "franciús" e é português de gema... da Idade Média!
EliminarExactamente, como tantas outras. É até uma forma mais evoluída ou evolvida do que «história», como acontece a outras muitas que se topam no grande F. Lopes, e que os quinhentistas fizeram retrogradar ao étimo. Mas o bom do João Ribeiro não tinha nada que ir desenterrar isso, mas o homem padecia de acessos de «originalite».
ResponderEliminar*
Nem os galicismos, ou estrangeirismos, exaurem as possibilidades de tolice em coisas de linguagem. Antes assim fosse.
Mont.
E não padecemos todos de alguma coisa? Já corrigi redações com "hestórias", juntando numa só realidade os períodos fonético (pela pronúncia do 1º i) e pseudoemitológico (conservação do h) e a Reforma de 1911 (o acento). Prova inequívoca de criatividade...
EliminarTalvez todos padeçamos. E de certeza uns mais do que outros. Curemo-nos entre nós. Eu só agradeço a quem me alivie de alguns padecimentos.
ResponderEliminar- Mont.