Não me deixo encantar por mensagens de Natal de
governantes, sejam eles quais forem. Mas não pude deixar de me espantar ao ouvir o
vice-presidente do CDS, Adolfo Mesquita Nunes, a reclamar os méritos dos resultados
dos alunos portugueses no PISA (aplicado em
2015).
1. Ironia das ironias, a metodologia dos testes está nos antípodas da filosofia de
ensino-aprendizagem defendida e aplicada por Nuno Crato. É bom não esquecer que as metas
foram introduzidas como contraponto às competências, apelidadas depreciativamente
com expoente do “eduquês”. E não é que a avaliação PISA é um hino às
competências?
2. Por outro lado, como diz Santana Castilho, num excelente artigo publicado em 17 de
dezembro, nunca se viu tanta gente que antes os e as denegriu, sem dó, a tecer loas aos professores e
às escolas. Hipocrisia ou
memória curta?
3. O extrato que transcrevo mostra a falta de
informação ou um aproveitamento pouco sério de algo para que não se contribuiu.
“Nuno Crato pôs de lado a
tese da década perdida e escreveu que os factores mais importantes que explicam
os progressos dos resultados do PISA de 2012 para 2015 foram: “novos e
ambiciosos objetivos curriculares - as metas curriculares - e novas avaliações
- as provas finais nos 4.º e 6.º anos de escolaridade.” Ora se atendermos ao facto de os exames dos 6º e 4º anos terem sido
introduzidos, respectivamente, nos anos lectivos de 2011/12 e 2012/13 e
tivermos presentes as características da amostra usada nos testes do PISA 2015,
podemos afirmar que nenhum aluno que a integrou foi submetido a qualquer dos
exames invocados, pelo que é
aberrante atribuir-lhes impacto nos resultados. No que toca às metas (veja-se o calendário estabelecido no DR nº
242, 2ª série, de 14/12/12) e ainda que se admitisse o efeito “tiro e queda”, o
que em Educação é grotesco, elas nem chegaram a tocar um
quarto dos alunos que prestaram provas em sede do PISA 2015.”
https://www.facebook.com/notes/santana-castilho/o-topete-dos-pais-apressados-do-pisa/1332746900108951
Em vez de se porem aos saltinhos a tentar cavalgar
a onda das estatísticas, seria bem melhor que governantes e ex-governantes
aprendessem com o PISA (cuja estrutura muitos deles desconhecem) e aplicassem os
conhecimentos adquiridos na construção das provas dos exames nacionais.
Abraço.
ProfAP
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