Seguidores

fevereiro 19, 2013

.linguíça ou linguiça?

Imagem encontrada AQUI.
 
O nº1 da Base X do Novo Acordo Ortográfico retoma o que estava estatuído pela Acordo de 1945: As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas levam acento agudo quando antecedidas de uma vogal com que não formam ditongo e desde de que não constituam sílaba com a eventual consoante seguinte, excetuando o caso de s: adaís (pl. de adail), aí, atraí (de atrair), baú (…), Luís, país, etc.; alaúde, amiúde, (…), baía, balaústre, cafeína, ciúme, egoísmo, faísca, faúlha, graúdo (…) juízes, Luísa, miúdo, paraíso, raízes, recaída, ruína, saída, sanduíche, etc.

Seguindo a regra, teríamos “linguíça”, mas confirma-se, mais uma vez, que não há coisas simples na nossa língua.
Citando o Ciberdúvidas: Os dígrafos gu, qu têm normalmente o som da consoante (ex.: guizo, subs., guiso, forma verbal, quente, etc.). O grafema u, seguido de i ou de e, é um símbolo no grupo, sem som, não independente. Para que o u se pronuncie, é necessário impor essa condição no grupo.
Então, o que nos leva a pronunciar o "u"?
Até meados do século XX, escrevíamos “lingüiça”. O AO45 suprimiu o trema no português europeu (no Brasil, essa abolição ocorreu em 1971 com hiatos como saudade, mantendo-se até janeiro de 2009, data da entrada em vigor do Novo Acordo, nos grupos gu e qu, quando o u era pronunciado, como em agüentar, cinqüenta e lingüiça), mas manteve a pronúncia que as palavras alteradas tinham. Ou seja, se linguiça nunca tivesse tido trema, escrever-se-ia, à luz do nº 1 da Base X do NAO, com acento. Como fazemos, por exemplo, com Suíça.

Este é um daqueles casos em que só o conhecimento pormenorizado da história das reformas nos permite ter a certeza de que devemos escrever, em todo o espaço lusófono, linguiça!
Aqui fica a dica possível: Nas palavras graves (paroxítonas), em geral, não há acento no i que venha a seguir aos grupos gu ou qu: linguiça, linguista.
Como não há bela sem senão, algumas formas verbais conjugadas não seguem a dica. É o caso de delinquíreis (pretérito mais-que-perfeito) e de arguísseis (pretérito imperfeito do conjuntivo).

Abraço.
AP
 
Imagem encontra AQUI. Eis um exemplo da criatividade popular...

2 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Amigo Antônio! Creio que tem razão os cidadãos de outras partes quando consideram nosso querida língua portuguesa uma das mais difíceis de dominar. Ela, mesmo linda, maravilhosa, melodiosa, rica em vocábulos e diferentes maneiras de dizer a mesma coisa, tem um problema sério que são as tais "exceções" às regras gerais de acentuação, uso de S, Ç, SC, SS, Z, e mais algumas pérolas semelhantes. Creio que, nem mesmo os mais eruditos, sejam capazes de usar com correção absoluta todos os detalhes que ela nos oferece.
    Apesar de tudo isso, embora seja de descendência alemã, língua que conheci antes de ir para escola, posso afirmar que sou um fã incondicional de nossa bela língua nacional, pouco importando que, em algum momento, cometa um ou outro deslize.

    ResponderEliminar