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abril 17, 2017

Informo V.Ex.ª QUE ou DE QUE?

Mais um caso a pedir a máxima atenção no momento de escrever (ou falar). Esta resposta do Ciberdúvidas, de 1997, estabelece uma regra fácil de seguir.
Dizemos informar alguém «de alguma coisa», «acerca de alguma coisa», «a respeito de alguma coisa».
Sempre a preposição de, quando dizemos a entidade que informamos e aquilo de que a informamos. Sendo assim, o correcto é:
a) Informo V.Ex.ª de que hoje falto ao serviço.
V. Ex.ª é o complemento directo de informo.
De que hoje falto ao serviço é o complemento circunstancial de assunto de informo. É uma oração integrante.
Quando a frase não menciona a entidade a quem informamos, não se emprega a preposição de, porque a oração integrante passa a desempenhar a função de complemento directo:
b) Informo que hoje falto ao serviço.

CONCLUSÃO:
Se a entidade que informamos:
1. está referida, diz-se “informo de que”: 
                     INFORMO V.EX.ª DE QUE VOU FALTAR.
2. não está referida, diz-se “informo que”: 
                     INFORMO QUE VOU FALTAR.

Informo que desejo a todos uma boa semana!
ProfAntónio

abril 16, 2017

Estamos na época PASCAL ou PASCOAL?


Como a história das vidas de cada um de nós, a das línguas também tem os seus quês. Numa reação a quente, diremos, sem hesitar, que PASCAL é a resposta certa e que teremos de deixar o PASCOAL como nome de alguém ou de algo, como o famoso bacalhau…
No entanto, uma resposta dada no Ciberdúvidas reorienta-nos o raciocínio:
é indiferente: pascal e pascoal são sinónimos. Ambos querem dizer «da Páscoa ou referente a ela». O facto de estarmos habituados a ouvir uma forma em nada invalida o emprego de uma outra que lhe seja sinónima. Na verdade, e de acordo com José Pedro Machado, no seu Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, será mesmo o termo pascoal a estar mais próximo da origem latina, presumindo que pascal seja sua variante.
As situações em que não é indiferente escolher um termo ou o outro são aquelas em que pascal significa, em física, «unidade de pressão no sistema internacional, equivalente a dez bárias», ou, em informática, «linguagem de alto nível criada especialmente para o ensino da programação, sendo também adequada para aplicações comerciais», ou, ainda, quando é um adjectivo «referente a pasto», conforme nos diz, por exemplo, o Dicionário da Porto Editora.

RESPOSTA:
A época é PASCAL, mas também PASCOAL!
Obs.: Tanto num caso como no outro, sempre com minúscula, uma vez que se trata de adjetivos.

Abraço e boa Páscoa (com maiúscula) para todos!
ProfAP

março 29, 2017

Portugal-Suécia: houve "auto golos", "auto-golos" ou "autogolos"?

Ontem, na Madeira, houve de tudo. Dentro do campo e sobretudo fora dele nas crónicas desportivas: autogolos, auto-golos e ainda… auto golos.


Passo à cobertura desta verdadeira festa da língua portuguesa!

1. O Notícias ao Minuto viu "auto-golos".

2. A Bola registou "autogolos".

3. Já o Tribuna da Madeira relatou "auto golos".

Dirão alguns que a culpa é do Acordo Ortográfico que deu a volta à cabeça dos jornalistas. Até poderia ser, só que, neste caso, a questão tem a ver com o AO45, dado que a regra foi simplificada pelo AO90, mas manteve-se a grafia da palavra em análise.

Mas afinal o que houve ontem no Funchal?
A resposta é inequívoca: houve autogolos!

 A Bola, um dos jornais mais bem escritos, não desiludiu. Quanto aos outros, reguada neles!
REGRAS:
Acordo Ortográfico 1945
Acordo Ortográfico de 1990
Com auto-, há hífen antes de vogal, h, r e s:
auto-estrada,
auto-observação,
auto-hipnose,
auto-retrato,
auto-suficiente
Com auto-, há hífen antes de o* ou h:

autoestrada,
auto-observação,
auto-hipnose,
autorretrato,
autossuficiente
Autogolo!
Autogolo!
*A regra geral do AO90 para a hifenização determina que há hífen antes de h ou quando a letra inicial do segundo elemento é igual à que vem no fim do elemento inicial: anti-ibérico, mega-assembleia, circum-murado, sub-bibliotecário, inter-regional, etc.

Abraço!
ProfAntónio

março 27, 2017

De onde vem a palavra BORBOLETA?

O repouso da guerreira...

Eis um caso em que o borboleteio é mais que muito à volta da origem (controversa) da palavra BORBOLETA.
Para a Infopedia, da Porto Editora, vem latim vulgar papillitta (diminutivo de papilĭo). Já José Pedro Machado, no seu Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, defende que a origem está no termo belbellita, reduplicação de bellus (bonito), com sufixo diminutivo. Na mesma obra, documenta-se o uso da forma berbereta, no século XVI.

E como voa a borboleta noutras línguas?
papallona (catalão), mariposa (castelhano), pinpilinpauxa (basco), papillon (francês), farfalla (italiano), butterfly (inglês), Schmetterling (alemão), baboqka (russo), kelebek (turco), parpar (hebraico), petalouda (grego), kipepeo (suaíli), fluture (romeno), pillangó (húngaro), liblikas (estoniano)...

Abraço.
ProfAntónio

março 25, 2017

São amorzinhos ou amorEzinhos?



Se fosse no singular, não haveria qualquer dúvida: o resultado da soma AMOR+ZINHO só poderia ser amorzinho!
Tratando-se do plural, o caso muda de figura. Uma verdadeira casca de banana linguística onde já escorreguei sem apelo nem agravo:
AMORES – S + ZINHO + S = amorEzinhos!

RESPOSTA:
São amorEzinhos!
Nota: Pela mesma razão, atorEzinhos, leitorEzinhos, favorEzinhos, estuporEzinhos, etc.

Abraço e bom fim de semana!

ProfAntónio
Imagem encontrada AQUI.

março 07, 2017

Resplandescente? Não, seria brilho a mais...

A superlua de Azeitão RESPLANDESCE ou RESPLANDECE?

Mais uma vez, temos um caso em que uso correto entra em choque com o que é comum ouvir-se.

RESPOSTA:
A grafia certa é apenas uma: RESPLANDECENTE!

Nota: Talvez a introdução daquele S clandestino se deva ao étimo da palavra com origem no latim resplendescente (particípio presente de resplendescĕre, «brilhar; resplandecer»).

Abraço.
ProfAP

março 06, 2017

“ter a certeza que” OU “ter a certeza de que”?

E marcou mesmo! Estás perdoado, Eder...

 “A forma mais correta é a certeza de que:
    Ter a certeza de que aconteceu alguma coisa.
Expressões como ter a noção, ter a ideia, ter a certeza, etc. requerem a preposição de, como se pode verificar nos casos em que as expressões não são seguidas de uma outra oração mas antes de um nome, em que é impossível retirar a preposição de:
    Tenho a certeza de muita coisa.
Fonte: Infopédia.

Abraço.
ProfAP