A propósito da designação do
Projeto Mais Valia, da Fundação Calouste Gulbenkian (que se constituiu
recentemente na Associação “Ser Mais Valia”), de cuja bolsa de voluntários faço
parte, perguntaram-me se a grafia não deveria ser “Ser Mais-Valia”.
A resposta seria sim, seguindo
as regras gerais que regem a ortografia, mas também é não, atendendo às disposições
especiais que os normativos da língua também estabelecem.
São possíveis as duas grafias,
mas os sentidos são bem diferentes.
1.
MAIS VALIA
Expressão
composta por advérbio (MAIS) e por uma forma verbal do verbo valer (VALIA).
Significa “era melhor”.
“Mais
valia estares calado!”
2.
MAIS-VALIA
É um
nome (substantivo na antiga terminologia) que significa “benefício, vantagem”.
“Estares calado seria uma mais-valia para todos!”
Nota: Também pode ter os sentidos de "excedente das receitas sobre as despesas" ou "aumento do valor de um bem ou de um direito apreciado em dois momentos diferentes".
Nota: Também pode ter os sentidos de "excedente das receitas sobre as despesas" ou "aumento do valor de um bem ou de um direito apreciado em dois momentos diferentes".
NO ENTANTO:
O AO90, tal como o AO45,
contém uma cláusula de salvaguarda, na BASE XXI, que estabelece que “pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes
de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registo público.”
Ou seja, a norma ortográfica
concede liberdade às instituições para adotarem o nome que entenderem. O mesmo
acontece com os nomes de pessoas, apenas subordinados às limitações impostas
pelo Registo Civil. Daí que convivam pacificamente grafias “fora de uso” com
outras mais atualizadas: Luís e Luiz, Queirós e Queiroz, Athaide e Ataíde, Morais e Moraes, etc.
CONCLUSÃO:
A
associação “Ser Mais Valia”
(sem hífen, embora pudesse
tê-lo)
é,
garantidamente,
uma
mais-valia!
(sempre com hífen)
Para saber sobre a "minha" associação, é só entrar em http://sermaisvalia.org.
Lá, encontrará uma radiografia
detalhada da instituição e, logo no início, um vídeo de apresentação com
testemunhos de voluntários e imagens de algumas das múltiplas missões já
realizadas em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Ilha do Príncipe. Estou lá com os meus alunos em São Tomé (março/abril de
2014) e na Guiné-Bissau (agosto/setembro de 2016).
Abraço.
ProfAntónio
Aqui está uma discussão interessante que podíamos ter feito logo após aceitação da denominação da Associação...mas com a conclusão a que chegou este nosso Voluntário e expert em língua portuguesa, fico mais descansada pois o que queremos mesmo,é SER uma MAIS VALIA mesmo sem o hífen!..
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