Os caminhos trilhados para dar uma resposta à questão de
hoje quase provocavam incidente diplomático devido à ignorância aqui do “artista”…
Em relação a palavras de outras línguas integradas
em textos em português, segundo o Ciberdúvidas, “devemos respeitar a grafia dos
estrangeirismos, bem como a sua pronúncia.”
Partindo desta regra simples, levanta-se o
problema de identificar a origem da palavra estrangeira e saber como ela é pronunciada
nessa língua. Embora estejam já disponíveis online
instrumentos de consulta que nos dão a transcrição fonética, desgraçadamente não incluem topónimos (nomes de lugares) nem
antropónimos (nomes próprios de pessoas).
E chegamos ao tal incidente... Como
tinha a informação de que Calouste Gulbenkian nasceu na Turquia, tive a infeliz
ideia de telefonar para a respetiva embaixada para confirmar como se
pronunciava o nome. Mal fiz a pergunta, tive uma reação vigorosa da
interlocutora: “Telefonar para a embaixada da Turquia a fazer essa pergunta é
uma grave gafe diplomática!” Quando argumentei que o senhor tinha nascido na
Turquia, mais uma resposta num tom indignado: “Esse senhor é arménio. Repito: a
sua pergunta é uma grave gafe diplomática!” Justifiquei-me como pude, dizendo
que a minha pergunta não tinha como objetivo ofender fosse quem fosse.
Acrescentei que não era necessário aquele tom e que poderia ter havido um pouco
mais de simpatia na resposta. Aí, foi-me dito que, dadas as
circunstâncias, a resposta teve toda a simpatia possível.
Logo após a conversa telefónica, apesar de
abalado, lembrei-me de ter visto há alguns anos um documentário sobre as relações
tensas entre a Turquia e a Arménia (e entre a Arménia e o Azerbaijão), devido a
acontecimentos durante e após a primeira guerra mundial. O facto de desconhecer
que Calouste Gulbenkian era arménio (naturalizado britânico em 1902) foi-me “fatal”…
Depois de recuperar o ânimo, parti para mais um
telefonema, desta vez para o consulado da Arménia em Lisboa. Para já, não há nada para
vos contar, pois em todas as tentativas obtive como resposta uma mensagem a
dizer que o número não estava contactável.
Com uma pesquisa online mais aprofundada, lá consegui uma resposta que me parece
fidedigna. Diz José Mário Costa (jornalista e cofundador, com João Carreira
Bom, e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa): “tão
asneirenta como a moda que pegou do Gulbênkian, em vez de Gulbenkiã, como o próprio Gulbenkian pronunciava."
RESPOSTA:
Gulbenkian pronuncia-se
Gulbenkiã (palavra oxítona).
NOTA: Logo que consiga entrar em contacto com o
consulado arménio, partilharei o resultado da conversa.
Abraço.
ProfAP
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