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fevereiro 17, 2013

.tângera, tanja ou tânjara?

Lindas, no meu quintalão! O mamilo (visível no topo do fruto da direita) é a marca inconfundível desta espécie.

Se Deus criou os citrinos, os homens, na ânsia de novidades, misturaram-nos e fizeram os híbridos.
Um dia, há cerca de 3500 anos, algures no sudoeste da Ásia, o acaso pôs frente a frente uma máscula e robusta toranja e uma delicada e irresistível tangerina. Como seria de esperar, a natureza fez o resto: cruzaram-se uma, outra e mais uma vez! E nascia assim, doce, suculento e muito fácil de descascar, o novo fruto daquele amor consumado.
Que nome dar à nova criatura de inspiração humana? A língua portuguesa entrou em ação e, criativa, multiplicou as hipóteses, social e geograficamente. Em Portugal, convivem tângera (presente em todos os dicionários), tanja (de cariz mais popular) e a pouco conhecida tânjara.
E no Brasil? Não encontrei nenhum dos termos lusos nos dicionários disponíveis online… Uma pesquisa na internet conduziu-me até à designação tangelo. Também não está nos dicionários, mas o VOLP da Academia Brasileira de Letras…regista-a. E as semelhanças com os progenitores são óbvias: tang (da mãe tangerina) + elo (do pai pomelo, termo equivalente a toranja).

CONCLUSÕES:
Portugal (norma luso-afro-asiática)
tângera, tanja e tânjara
Brasil (norma brasileira)
apenas tangelo

Abraço.
AP

7 comentários:

  1. Solidariedade masculina, é o que se quer.
    Obrigada pelo seu comentário.

    É ótimo, que se possam usar os três termos.

    Boa semana, sem chuva, preferencialmente.

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    1. Pra contrariar, prefiro que chova. É ótimo para minha horta e para os espargos selvagens que costumo colher na mata que há mesmo junto a minha casa ;)
      Bj
      AP

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  2. Caro António, em português não é mais comum ou próprio dizer nesses casos «silvestre» ou «bravo» do que «selvagem»?
    Coelho bravo, ou do monte, porco-bravo, ou montês, cabra-montês (um arcaísmo, aqui, este montês de cabra, como dantes língua português).
    E por isso erram a tradução do Pato de Ibsen, a que chamam selvagem, mas é bravo: «O Pato Bravo» (grande peça!), confunda-se ou não com os bípedes implumes de Diógenes.
    Morangos silvestres. Bergman. Aqui não cincaram.
    Acho que são estas as praxes da língua portuguesa...
    - Montexto

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    1. Meu caro Montexto:
      Sempre disse e escrevi “selvagens” para caracterizar os espargos (a cuja recoleção me dedico com regularidade e prazer), embora alguns membros da parte alentejana da família digam “bravos”.
      Sendo consistentes os argumentos que apresenta, revisitei alguns dicionários para ver como definem “selvagem”.
      Conclusões:
      1. Eis um dos sentidos apresentados: “Que cresce naturalmente sem a intervenção do homem”.
      2. “Selvagem” é apresentado como sinónimo de “bravio”, “bravo”, “montês” e “silvestre” (entre outros).
      3. Um dos exemplos apresentados é “amoras selvagens”.
      Perante o exposto, parecem-me legítimas todas as formas: as suas (silvestres e bravos) e a minha (selvagens).
      Abraço e boa semana.
      P.s. Saltando do dicionário para a realidade, aprecia uns ovos mexidos com espargos nascidos e criados sem cultura? No meu caso, para além de colher a matéria-prima verde, junto-lhe uns ovinhos caseiros (para além de sonhos e blogues, crio, em pequena escala, patos e galinhas à moda antiga: com trigo, milho, couve e restos de comida).

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  3. Português por compêndio não é comigo.
    *
    Quanto a «para além», não lhe torno a dizer mais nada; senão, até parece mal.
    *
    Enfim, quanto a fruta, gosto mais de tangerinas. De Tânger.
    - Mont.

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    1. 1. Português por compêndio? Aí está uma forma cómoda (para si) e deselegante (para mim) de encerrar o assunto.
      2. Claro que referência a "para além" não parece mal. Mas padece de outro mal: afasta-se do essencial, que é saber se é ou não legítimo o recurso a "selvagens" para falar dos espargos.
      3. Quanto a fruta, tenho aqui na horta uns limões rugosos e ácidos que, mais do que a tangerina, ligam bem com o Montexto.
      Reitero os desejos de boa semana.
      AP

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  4. É excessivo. Coitados dos espargos! Mereciam melhor epíteto, mais brando e condizente com o seu natural macio. Custa-me isto, a mim, que tanto gosto deles.
    - Mont.

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