Defendo
um ensino de qualidade estimulador de aprendizagens consistentes que
articulem conhecimentos e competências.
Quanto
aos exames, nunca fui (nem sou) grande fã. Uma revisão da literatura sobre o
assunto não deixa dúvidas. Recorrendo a uma das obras mais emblemáticas neste domínio (“Evaluation continue et examens :
précis de docimologie”, de Robert de Landsheere), está lá, preto no branco, que
os exames têm o efeito perverso de afunilamento do currículo. Os professores e
alunos trabalham os exames e para o que é neles valorizado. À volta dos exames,
inventam-se cadernos de exercícios de treino (fonte apetecível de rendimentos para as
editoras), explicações “à la carte” para todos os gostos e os famosos e não
menos perversos rankings…
E
os exames não podem ter contrapartidas positivas? Podem, numa única
circunstância: se forem bem construídos, com validade e fiabilidade sólidas.
Continuará a haver afunilamento do currículo, mas será um afunilamento atenuado
pela qualidade do “modelo” que professores, alunos, editoras e explicadores vão
replicar até à exaustão.
Os exames do nosso sistema educativo são de qualidade?
Não os conheço todos, mas a ideia que tenho é que se transformaram num ritual
complicado, com erros e broncas aqui e ali e critérios de correção que, sob o
pretexto atingirem o suprassumo da objetividade, são um verdadeiro
suplício de Tântalo para os corretores.
Quando
li esta notícia, fiquei de boca aberta:
Apesar das suspeitas de fuga
de informação, o Ministro da Educação garante que exame de Português não será
anulado ou repetido
O ministro da Educação,
Tiago Brandão Rodrigues, garantiu hoje que o exame de Português do 12.º ano, cuja
eventual fuga de informação está a ser investigada, não vai ser anulado.
Segundo o ministro, caso se confirme que houve uma fuga de informação, "o ministério
agirá civil, disciplinar e criminalmente contra o seu autor ou autores.
"Se alguém saiu beneficiado,
sofrerá as consequências previstas no regulamento", declarou.
Ou
seja, o Ministro admite a possibilidade de ter havido a fuga de informação, mas não
anula o exame, pois o ministério irá castigar os seus autores. E mais:
se alguém saiu beneficiado, irá ser descoberto e punido. Ingenuidade ou apenas
vontade de não ser "chateado" e ir pra férias como se nada se tivesse passado?
Qual
à validade deste exame, estamos conversados!
Já agora, é bom recordar o que disse, em janeiro de 2016, o atual Ministro da Educação sobre o modelo de exames: "errado e nocivo".
Já agora, é bom recordar o que disse, em janeiro de 2016, o atual Ministro da Educação sobre o modelo de exames: "errado e nocivo".
Abraço
para todos, em especial para os colegas que andam a vigiar, a corrigir e a
secretariar estes maravilhosos instrumentos do complex em que se transformou o
trabalho nas escolas desde o reinado da Sr.ª D. Maria de Lurdes Rodrigues!
ProfAP
Imagem da revista VISÂO online.
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