Seguidores

julho 10, 2019

Bijagós 2 - Viagem Bissau-Rubane


Agendado para 5 de julho ao fim da manhã, o trajeto Bissau-Rubane (ilha sagrada dos Bijagós) foi adiada para o dia seguinte, devido a uma forte tempestade que tornava a navegação perigosa no arquipélago.
No dia 6 às 9h00, entrei no barco e vestiram-se um colete salva-vidas e um casaco supostamente antichuva. 

Acondicionado estrategicamente (para não provocar desequilíbrios de peso) entre bidões de gasolina, paletes de vinho tinto francês e água Castello, partimos do porto da alfândega de Bissau.
Esperava uma viagem tranquila, sem sobressaltos, mas… puro engano! Já em mar aberto, a forte ondulação erguia no ar a parte dianteira do pequeno barco de fibra de vidro que se abatia com estrondo sobre o mar, como se uma parede se tratasse, com efeitos devastadores para as minhas cruzes. Quando o barco batia na água, o meu rabo saltava e voltava a cair, com determinação, no assento improvisado. Parecia que, a qualquer momento, o barco ia ceder e deixar-se engolir por aquela imensa e revolta massa plúmbea. 

Pensei para mim: “Epá, se tiver de ir desta para melhor, que seja no regresso!”
Mais ou menos a meio da viagem, surgiu no horizonte uma massa negra e compacta que parecia uma montanha. Disseram-me eram nuvens de chuva que estavam à nossa espera.

Enquanto pensava naquela personificação tão expressiva do Agostinho, começou a chover. Parecia uma coisa banal, mas, uns minutos depois, veio uma chuva tão forte e cerrada que picava na pele. Só tive tempo para guardar a máquina fotográfica e o telemóvel contra o peito, debaixo do salva-vidas, enfiar a cabeça no capuz e tapar a cara. Resignado, fiquei ali, quieto como um monge em oração. Esforços vãos, pois, animada de uma vontade perversa, a água entrava por todo o lado. Fiquei todo ensopado, incluindo naquelas partes que não preciso de nomear. Uma lástima! 
O barco teve de parar quando a visibilidade ficou reduzida a quase nada.
Uns minutos depois, seguimos viagem.
Pouco depois, a massa negra desfez-se e abriu-se um arco como que a dar-nos passagem...

Depois de duas horas de provação, chegámos (finalmente!) à joia do arquipélago. 

Mal saí do barco e pus os pés na água tépida, avistei a figura franzina da Solange a caminhar na praia na minha direção. Com um grande sorriso, atirou-me: "Alors, Antôniô, ça a été dur?" Respondi-lhe, fazendo das tripas coração: "Ah non, pas de problème." Concluiu: "Vous êtes un homme courageux!" Pois sou! :)
Abraço.
AP

Sem comentários:

Enviar um comentário