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outubro 22, 2012

Ângela Merkel é: chanceler, chanchelera ou chancelerina?

Imagem encontrada AQUI.
                          O que os ventos da crise fazem às pessoas...

O assunto de hoje ocorreu-me depois de ter ouvido, no seu comentário de ontem, o prof. Marcelo Rebelo de Sousa admitir que não sabia que forma utilizar para referir à chefe do governo alemão.
Dito isto, vamos ao assunto.
A. No Ciberdúvidas, há duas respostas sobre o assunto.
1. Na primeira, em outubro de 2005, C. R. considera que podemos “dizer que chanceler se está a tornar em português um nome uniforme”.
2. Na segunda, dois meses mais tarde, Carlos Rocha, depois apresentar a opinião de outros consultores do Ciberdúvidas, referindo F. V. Peixoto da Fonseca (que admite chancelera), D´Silvas Filho (que entende que chanceler deve ser usado para ambos os géneros) e José Neves Henriques (que aceita as três formas), escreve: “Todas me parecem possíveis e duas estão a ser realmente usadas, chanceler («a chanceler») e "chancelerina". Esta última não é de rejeitar; basta lembrar que maestro tem como feminino maestrina. Contudo, calculo que os mais puristas terão reservas quanto ao emprego de uma forma que é sugerida pela forma alemã (“Kanzlerin” – “chancelerina”). Fico à espera que surjam mais “chancelerinas” – no discurso falado e escrito em português.
B. Enquanto o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa e o VOP do Portal da Língua Portuguesa registam apenas chanceler como nome masculino, os dicionários da Texto Editores e da Porto Editora apresentam dois sentidos: 1. “funcionário encarregado de pôr a chancela em documentos oficiais” (masculino); 2. “chefe do governo em certos países” (masculino e feminino”).
C. No Brasil, enquanto os dicionários Houaiss e Michaelis registam chanceler com sendo masculino, o Aulete, o Aurélio e o VOLP da Academia Brasileira das Letras admitem os dois géneros.

Como diz Carlos Rocha, surgindo mais “chancelerinas” e “chanceleras” nos media, é natural que os dicionários venham a admitir uma ou ambas as designações. Para já, considerando o que os vocabulários e dicionários dos dois lados do Atlântico dizem, parece-me que só uma grafia pode ser considerada válida: chanceler (masculino e feminino).

CONCLUSÃO:
Portugal e Brasil
o/a chanceler

Abraço!
AP


outubro 21, 2012

o ou a síndroma/síndrome?

syndromé
A análise do caso de hoje traz-nos uma resposta válida para todo o espaço lusofalante.
Síndrome – Segundo o Ciberdúvidas, é a forma preferencial. Embora todas as fontes registem a palavra no feminino, o Dicionário de Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo, em 1913, regista síndrome e síndroma no masculino…
Síndroma – Sinónimo de síndrome, o termo está presente em todas as fontes consultadas (tanto de Portugal como do Brasil), quase sempre no feminino. A exceção é o dicionário Aulete, onde podemos ler: “O uso no masculino, sobretudo por influência de sintoma, adquiriu grande vulgaridade, especialmente no Brasil.

CONCLUSÃO:
Portugal (norma luso-afro-asiática) e Brasil (norma brasileira)
a síndrome  / a síndroma (do grego syndromé)
 
Notas:
1. Praticamente desconhecida, a variante o síndromo (do grego sýndromos) aparece na generalidade das fontes, incluindo o Portal da Língua Portuguesa e a Academia Brasileira das Letras.
2. Cândido de Figueiredo (que não refere síndromo no seu dicionário de 1913) considera síndroma uma forma mais antiga do que síndrome. Como o atual Ciberdúvidas, parece aconselhar o uso preferencial de síndrome ao dizer que é "o mesmo ou melhor que síndroma".
Para aprofundar o assunto, clique AQUI.

Bom resto de domingo!
AP



P.s.
Em português atual: anti-míssil ou antimíssil?

outubro 20, 2012

placard, placar ou tanto faz?

Imagem "desviada" daqui.
 
Este é um caso, como muitos outros que vos tenho apresentado, em que a distância que separa os dois lados do Atlântico se traduz num estrangeirismo!
Enquanto no português do Brasil a adaptação placar se assume a 100%, no português europeu, sempre foi o placard a reinar. Embora encontremos no Ciberdúvidas, em 1988, uma referência ao aportuguesamento (“Está já aportuguesada a palavra francesa «placard», que encontrei em vários dicionários grafada placar.”), podemos considerar que a consagração do termo em Portugal se dá com a sua inclusão, em 2001, no Dicionário da Academias das Ciências. Atualmente, placar faz parte da generalidade dos dicionários portugueses.

CONCLUSÕES:
Portugal (norma luso-afro-asiática)
placard (em itálico ou entre aspas) e placar
Notas: O plural de placard é placards, enquanto o de placar é placares.
Brasil (norma brasileira)
placar
Notas: ---

Abraços.
AP
P.s.
Nova mensagem no http://acordo-ortografico.blogspot.pt:
Em português atual: arroz-carolino com beterraba

outubro 19, 2012

E o plural de hífen é…

Mais uma situação em que o português do Brasil e o português europeu diferem. Nos casos analisados aqui na “casa”, tem sido comum termos mais variantes em Portugal, afirmando-se a norma brasileira como mais simples por ter um leque mais estreito de opções. Em relação ao plural de hífen, temos a situação inversa: uma única resposta para os lusos, duas para o Brasil.

CONCLUSÕES:
Portugal (norma luso-afro-asiática)
hífenes
Notas: Ver VOP (Portal da Língua Portuguesa).
Brasil (norma brasileira)
hífenes e hífens
Notas: Ver VOLP da Academia Brasileira das Letras.

Abraços.
AP

outubro 18, 2012

.maquiagem, maquilagem ou maquilhagem?

Imagem transferida DAQUI.
 
Nos tempos que correm, uma boa maquiagem (no sentido próprio, mas também no figurado) pode fazer toda a diferença…
Do francês maquillage, as três hipóteses apresentadas no título estão corretas, mas não nos mesmos espaços geográficos, como vamos ver já a seguir.
CONCLUSÕES:
Portugal (norma luso-afro-asiática)
maquiagem e maquilhagem
Notas: O Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa e o Vocabulário do Portal da Língua Portuguesa também registam o estrangeirismo maquillage (a escrever em itálico ou entre aspas).
Brasil (norma brasileira)
maquiagem e maquilagem
Notas: Embora o VOLP da Academia Brasileira das Letras também registe maquilhagem, o Houaiss remete o uso da palavra para Portugal.
Abraço.
AP


outubro 17, 2012

um ou uma pitão/píton?

Imagem encontrada AQUI.
Esta é uma palavra que, com muita frequência, vemos associada ao feminino. O facto de ser uma serpente e de os nomes destes répteis serem habitualmente do género feminino (uma víbora, uma cascavel, uma naja, etc.) dá alguma lógica à aposição do feminino ao nome pitão/píton.
Mas deve dizer-se um pitão ou um píton!(no Brasil)

CONCLUSÕES:
Portugal (norma luso-afro-asiática)
um  pitão
Notas: No plural, pitões.
Brasil (norma brasileira)
um  píton
Notas: No plural, pítons ou pítones.

Abraço.
AP
P.s.



Em português atual: norte de Portugal ou Norte de Portugal?

outubro 16, 2012

E o plural de Júpiter é…

Imagem encontrada AQUI.
 
Este é um caso que foge ao habitual, ocorrendo uma deslocação do acento tónico. Júpiterjuteres. Sendo ambas as palavras proparoxítonas (esdrúxulas), logo, acentuadas na antepenúltima sílaba, o acento teria de recuar uma sílaba. É de facto estranho, mas é mesmo assim, como poderá confirmar numa consulta ao Ciberdúvidas.

CONCLUSÃO:
Portugal (norma luso-afro-asiática) e Brasil (norma brasileira)
Jupíteres
Notas: O mesmo acontece com as palavras espécime(n) e Lúcifer, cujos plurais são espemenes e Luferes.

Abraço.
AP
 

P.s.
Em português atual: veredicto, veredito ou tanto faz?